Depois de Tudo

Depois de Tudo

Por | 2018-06-17T00:09:15-03:00 8 de novembro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Depois de Tudo (Drama); Elenco: Marcelo Serrado, Otávio Müller, Rômulo Estrela, César Cardadeiro, Maria Casadevall; Direção: João Araújo; Brasil, 2015. 101 Min.

Baseado no livro “No Retrovisor” de Marcelo Rubens Paiva, o longa-metragem “Depois de Tudo” versa sobre passado e futuro a partir dos modos de ver e de acreditar na vida e em si mesmo de três jovens. Usando a visão como metáfora, os roteiristas Mauro mendonça Filho, Lusa Silvestre, juntamente com o autor do livro, costuraram uma história, a partir da versão teatral, para o cinema, com muita nostalgia e idas e vindas no tempo. A memória afetiva é o eixo condutor da história.

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Ney (Rômulo Estrela/Marcelo Serrado), Marcos (César Cardadeiro/Otávio Müller) e Bebel (Maria Casadevall/Clarice Niskier) são amigos desde a juventude e se conheceram no mesmo prédio como vizinhos. Ney e Marcos montaram uma banda e abriram um bar para ganharem a vida. E Bebel era a namorada de Marcos, também cobiçada por Ney. As diferenças de ambição, de formas de ver a vida e suas perspectivas já se delineavam desde a juventude. Entre um show e outro, bebedeiras e viagens siderais,  a vida seguia com seu devir. Um dia um acidente  de automóvel separa os amigos. Cada um vai pelo seu caminho usando suas potencialidades e sua fé em si mesmo. Até que um incidente com Bebel – uma overdose – os faz reencontrar vinte anos depois. E aí as perscrutações  sobre uma série de porquês surgem trazendo para o espectador boas reflexões.

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João Araújo, mais conhecido como Johnny , que dirigiu a série  de TV “fdp”(2012) e “O Magnata” (2007), com “Depois de Tudo” suscita lembranças de juventude e faz uma costura com o tempo e as diferenças de assertividade entre os personagens. A fotografia de Dudu Miranda com seus closes nos transmite intimidade e a trilha sonora de Plínio Profeta de “O Palhaço” (2011) nos faz viajar no tempo com  “Soldados” do Legião Urbana, dentre outras de sua composição. A atuação de Otávio Müller é um capítulo à parte como o cara que enxerga e que não consegue ver um palmo de vida à sua frente, e se debate num mar de incapacidades. A metáfora da cegueira é espetacular para enfatizar as possibilidades de   amplitude das potencialidades a serem desenvolvidas para se administrar os sonhos. Longe de versar  sobre a inveja comezinha, embora alguns a vejam, o longa versa sobre o inimigo dentro de nós mesmos.

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“Depois de Tudo” é outro representante de boa abordagem no cinema brasileiro e que abrange tanto o público mais jovem quanto o público mais cascudo. Além de trazer músicas do Renato Russo para matar a saudade. Boa pedida!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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