Deserto

Por | 2017-11-22T10:03:19-03:00 22 de novembro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Deserto (Desierto) (Drama/Thriller); Elenco: Gael Garcia Bernal, Jeffrey Dean Morgan, Alodra Hidalgo; Direção: Jonas Cuarón; México/França, 2015. 88 Min.

Em meio à construção do muro norte-americano que separará México dos EUA, a produção de 2015, dirigida por Jonas Cuarón  estreou no circuito. 2 anos de depois de produzido o longa vem trazer á baila um assunto poderoso no momento, o movimento de migração. Famosa por ser uma migração á procura de uma vida melhor em termos econômicos, mais do que por motivações políticos, a travessia México/EUA é a coluna vertebral dos assuntos trazidos por essa produção mexicana e francesa para se pensar o ser humano e sua digital.

Estrelado por Gale Garcia Bernal no papel de Moisés e co-estrelado por Jeffrey Dean Morgan no papel de Sam, a história soa como uma metáfora mensuração de forças entre Davi e Golias. Roteirizado, dirigido e editado por um dos irmãos Cuarón, “Deserto” conta a história de um grupo de latinos que tenta atravessar a fronteira do México com os EUA e os perigos enfrentados para realizar o sonho americano, o “American Way of Life”, ou seja viver na terra da ‘liberdade’ , juntamente com  Mateo Garcia, no roteiro, a história se detém na impossibilidade de seguir o caminho planejado quando acertaram seus negócios com o Coyote (Erik Vásquez) devido a uma patrulha inesperada na fronteiro, restando apenas a possibilidade de seguir um caminho alternativo, vigiado por único homem, Sam (Jeffrey) e seu cachorro Tracker. As metáforas são procedentes. O tio Sam personificado na personagem de Jeffrey Dean Morgan , numa caçada a céu aberto de seres humanos como se fossem animais selvagens na pradaria, numa caçada animal sem empatia, sem conexão e feroz. Homens que se odeiam sem se conhecerem e o afeto que Sam devota a seu animal com muito mais apreço e empatia do que ao semelhante.

Produzido por Alfonso Cuarón de “Gravidade” (2013), “Deserto” tem uma equipe técnica respeitável. A trilha sonora eletrizante foi composta por WoodKid da série de TV “Divergente” e a fotografia, que se assemelha em muito a dos filmes de John Ford é de Damian Garcia dos premiados “Güeros” (2014) e “Chicogrande” (2010). E ainda, no elenco Gael Garcia Bernal que dispensa apresentações e Jeffrey Dean Morgan o ‘Negan’ de The Walking Dead” que rouba o filme inteiro. Logo, não foi surpresa a premiação da crítica, o FIPRESCI de apresentação especial “por usar o cinema puro para criar uma forte senação de aprisionamento num espaço tão vasto, num clima de caçada primitiva” no Festival de Toronto. O longa, foi ainda, seleção oficial no Festival de Londres e indicado a premiações em várias categorias no Ariel Awards.

“Desierto” (no original) é uma boa pedida para análise de aspectos xenofóbicos num momento de grande migração mundial em que, politicamente, essa movimentação vem sendo forçada. “Deserto” vale o ingresso pelas suas metáforas e peculiaridades; por se tratar de uma produção latina falando de sobrevivência e violência e pela estupenda atuação de Jeffrey Dean Morgan, mesmo para quem não é fã do ator. “Deserto”  vai da panopticidade ao close e vale mais do que pesa.

DESIERTO


 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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