Do Pó da Terra

Do Pó da Terra

Por | 2016-10-15T11:57:42-03:00 15 de outubro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Do Pó da terra (From Dust of the Earth) (Documentário); Participações: Izabel Mendes da Cunha, Noemia Maxakali, Ulisses Pereira, Maria José Gomes da Silva e outros; Direção: Maurício Nahas; Brasil, 2016. 79 Min.

“Mesmo morrendo a gente vai com o selo…morreu um artesão”

Se em “5 Vezes Chico: O Velho e Sua Gente” (2015) cinco diretores versaram sobre a população ribeirinha ao Longo do Rio São Francisco,  da Minas Gerais a Sergipe, agora é vez da gente do Vale do Jequitinhonha. “Do Pó da Terra” de Maurício Nahas é inspirado na obra “Noivas da Seca” de Lalada Dalglish e trata-se de um projeto de Nahas com argumento de Fernando Machado (diretor de fotografia) com roteiro de Di Moretti que gerou três produtos distintos: uma exposição homônima em São Paulo no ano passado, um livro de fotografias com imagens de Maurício Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanuel Araújo e Fernando Machado e um documentário. É sobre esse último que vamos versar.

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Em 2013 Fernando e Maurício percorreram 3.300 Km entre sete cidades do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, capturando imagens e conversando com os artesãos da região para fazer um filme sobre o que havia em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. O objetivo era lançar um olhar sensível sobre a produção artística de cerâmica e argila da região. Conhecido como vale da miséria com altas taxas de desemprego, mortalidade infantil, alcoolismo, violência, a seca e com um solo condenado pela monocultura do eucalipto, o vale do jequitinhonha resiste, e  a equipe de Nahas vai em busca da vida existente ali e encontra criatividade, inteligência, assertividade e resiliência. Encontra também, um espelho íntimo de sonhos, desejos e aspirações postos nos  trabalhos artesanais de barro das mulheres, numa brincadeira de expor-se e esconder-se poética misturada ao cotidiano.

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O documentário tem o papel de registro dos costumes da região através das falas dessas mulheres e suas histórias. E o quanto suas esculturas tem a ver com suas dores, alegrias, anseios e sonhos. Esse registro feito de forma, quase poética, mostra vida no Vale do Jequitinhonha e registra uma produção artística que passou a ser marca registrada da região. Os depoimentos/conversas vão desde a da índia Noemia Maxakali, que fala da origem dessa arte indígena,  até D. Izabel, mulher da cidade, que resolveu usar a técnica para fazer esculturas de noivas e ensinar as meninas da região perpetuando a arte com o barro para as gerações seguintes.

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Primeiro longa metragem do fotógrafo Mauricio Nahas, “Do Pó da Terra” faz um passeio pela vida da gente do Jequitinhonha registrando não só as peças artesanais, seus temas e estilos, mas também é dedicado (In Memorian) a D. Izabel Mendes da Cunha. O longa acabou por se tornar um instrumento de registro dessa tentativa de perpetuação da cultura do artesanato do Vale e é para quem gosta de apreciar costumes regionais, perceber nossa diversidade de costumes, nossa riqueza cultural e ouvir histórias da gente da nossa terra. Além de conhecer os Brasis que o Brasil não conhece.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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