‘Druk’ a abordagem cômica de uma questão polêmica

>>‘Druk’ a abordagem cômica de uma questão polêmica

‘Druk’ a abordagem cômica de uma questão polêmica

Por | 2021-03-18T01:39:56-03:00 18 de março de 2021|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Druk- Mais Uma Rodada (Druk/Another Round) (Comédia/Drama); Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe, Maria Bonneuve; Direção: Thomas Vinterberg; Dinamarca, 2020. 117 Min. #Oscar2021

Como abordar aspectos negativos de alguma coisa que todo mundo gosta? Como alertar, sem ser chato ou moralista, sobre um assunto polêmico? “Druk” de Thomas Vinterberg nos mostra isso com o assunto consumo alcoólico. A Dinamarca é o quarto país do mundo no ranking de consumo de álcool*, a questão é cultural, seja pela origem histórica da população – os Vikings – seja pelas baixas temperaturas ou, mesmo pela economia – a quarta maior cervejaria do mundo é dinamarquesa. A abordagem sobre o consumo de álcool não é nomeado, estigmatizado, classificado ou categorizada, ela é simplesmente apresentada como algo cultural, que faz parte do cotidiano de todos mostrando os dois lados básicos da questão – o do prazer e o da dor – fazendo-nos lembrar de um velho ditado que diz que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem”. Esse argumento e a forma com a qual ele é trazido para a tela valeu a indicação a duas categorias da edição 2021 do Oscar: Filmes estrangeiro e direção.

Martin (Mads Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Nicolaj (Magnus Millang) e Peter (Lars Ranthe) são professores de uma escola de Ensino Médio e amigos pessoais entre si. Resolvem, então, testar uma teoria que diz que todo ser humano tem um déficit de 0,5% de àlcool no corpo. Dosagem essa que deixariam todos mais felizes, alertas, competentes, divertidos e mais soltos. A partir desse argumento o roteirista Tobias Lindholm de “Mindhunters” (Série de TV) e o diretor Thomas Vinterberg criaram um roteiro brilhante no gênero comédia/drama em que misturam as diversas camadas de aspecto das vidas dos indivíduos e as diferentes possibilidades de abordagens para o assunto consumo de álcool sem tomar partido de defesa alguma e sem moralismos. Apenas apresentando um assunto e deixando o espectador chegar às suas considerações.

O longa já tem uma coleção de prêmios mundo afora (35). A maioria na categoria filme estrangeiro concedido pelas associações de críticos de cinema. As atuações estão espetaculares, os quatro estão impagáveis. A edição de Janus Bileskov Jansen de “A Casa dos Espíritos” (1993) e Anne Osterud de “Os Homens que Não Amavam às Mulheres” (2009) é de precisão cirúrgica e consegue contar uma história com imagens que vão do hilário ao pesado sem chocar. A direção de Thomas Vinterberg, do premiado e genial, “A Caça” (2012) e “A Comunidade” (2016) é primorosa e não foge ao seu estilo, que é o de desenhar painel de almas e, sem pudor, contrapo-las.

“Druk – Mais Uma Rodada” é um filme de festival, é do tipo artístico/filosófico e comercial que pisa nos dois territórios sem forçar a barra e ainda morde e assopra num questão que é bastante tabu, por conta da licitude do álcool em detrimento de outras drogas, da cultura enraizada no ocidente, da sociabilidade e por ai vai. O longa estará nas plataformas streamings: Now, Vivo Play, Sky Play, Itunes/AppleTV, Google Play e Youtube a partir de 16 de Abril deste ano. Agora é assistir e fazer o bolão do Oscar que acontecerá no dia 25 de Abril. #FiqueEmCasa

*Os 10 países que mais consomem álcool no mundo.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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