É Apenas o Fim do Mundo

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É Apenas o Fim do Mundo

Por | 2016-12-13T00:58:48-03:00 13 de dezembro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

É Apenas o Fim do Mundo (Just la Fin du Monde/It’s Only the End of the World) (Drama); Elenco: Nathalie Baye, Vincent Cassel, Marion Cotillard, Léa Seydoux, Gaspard Ulliel; Direção: Xavier Dolan; Canadá/França, 2016. 97 Min.

Xavier Dolan é um jovem cineasta canadense que aborda temas familiares e está se especializando em focar em grandes cargas emocionais. Em “Mommy” (2014) ele abordou a relação de uma mãe e seu filho adolescente com problemas severos de sociabilidade. Em “É Apenas o Fim do Mundo” o nicho continua sendo o familiar mas a bordagem é outra.  Dolan imagetiza magistralmente, o desprezo, a inveja, a dor, o sofrimento, a mendicância por atenção e as fugas dos indivíduos de si mesmos.

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Louis (Gaspard Ulliel) é um escritor bem sucedido que não via a família há 12 anos. E decide voltar à sua casa para uma visita mais que especial: contar que estava morrendo com uma doença terminal. Sem grandes expectativas Louis encontra sua mãe (Nathalie Baye), sua irmã mais nova Suzanne (Léa Seydoux), seu irmão mais velho, Antoine (Vincent Cassel) e sua cunhada, Catherine (Marion Cotillard) a quem não conhecia. Ao chegar é recebido com agressividade, rancores e distanciamentos. Xavier Dolan nos põe a esperar angustiosamente uma oportunidade para o desfecho. Enquanto isso desfila subjetividades potentes: rejeição, sensação de invisibilidade, de não-pertencimento e de solidão,  através dos diálogos, dos takes e da fotografia enegrecida. Dolan nos apresenta uma família que não silencia, que não quer enxergar o outro, que não consegue se ver e se ouvir. A angustia de acompanhar a saga de humilhação de Louis à procura de apoio, de abraços e de pertencimento é sufocante e desesperadora. Dolan consegue extrapolar a tela e acertar o espectador na poltrona como faz Michel Haneke. E o faz com os diálogos duros e muitas vezes incoerentes e vazios e a velocidade dos acontecimento.

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Xavier Dolan tem 27 anos, 60 prêmios e 83 indicações, dentre eles um César por “Mommy” e um Lumière por “Laurence Anyways” (2009). Com “É Apenas o Fim do Mundo” ganhou o Grande Prêmio do Juri do Festival de Cannes e foi indicado à Palma de Ouro. Baseado numa peça teatral de autoria de Jean-Luc Lagarce foi dirigido, roterizado, produzido e editado por Dolan.  Com um elenco de peso com capacidade para carregar nas tintas tanto quanto o necessário para esse efeito impactante, o longa-metragem tem em Vincent Cassel seu grande destaque. Antoine é a personificação do ódio de forma magnífica e competente. Para além das atuações, a   fotografia de André Turpin fala sozinha com closes empoderadores do olhar e uma tês sombria e enegrecida.

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“É Apenas o Fim do Mundo” é um filme forte, que soa mais como uma catarse e uma homenagem in memorian do que como start de filosofia existencialista para uma reflexão. Tecnicamente, é um filme audacioso por apostar unicamente em diálogos e por não importar de ser definido como incômodo e desconfortável. Contextualmente, “É Apenas o Fim do Mundo” consagra a pegada de desse jovem cineasta que ainda tem muito a oferecer para a sétima arte.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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