‘Era Uma Vez em Hollywood’ – homenagem a Sharon Tate

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‘Era Uma Vez em Hollywood’ – homenagem a Sharon Tate

Por | 2019-08-19T03:18:50-03:00 19 de agosto de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Era Uma Vez em Hollywood (Once Upon a Time…in Hollywood) (Comédia/Drama); Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Al Pacino; Direção: Quentin Tarantino; Reino Unido/USA/China, 2019. 161 Min.

Ao Era Uma Vez… estamos todos acostumados. Assim começam os contos de fadas e qualquer outra história que se desobrigue de responsabilidades com a ‘verdade’. Ao iniciarmos uma história dessa forma já está dito que ela segue de acordo com a nossa imaginação e desejos e aumentando sempre um ponto. O mais recente longa dirigido por Quentin Tarantino conta a história de Rick Dalton (Leonardo Dicaprio) e seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt) e suas sagas como artistas da Broadway.

Passeando por sets de filmagens que reconstituem filmagens de outros filmes, o longa é uma metalinguagem e uma aula de cinema em todos os aspectos, além de criticar de leve o star system de Hollywood. Apresenta, também, referenciais filmográficos de Hollywood com trechos que nos trazem Bete Davis, Dean Martin, Sharon Tate, Steve McQueen e apor aí vai. Mas, a azeitona dessa empada é Sharon Tate (Margot Robbie) que costura todos esses aspectos e potencializa o ‘Era uma Vez’ em sua criação de verdade. A atriz vitima de uma tragédia horrenda em 1969 nas lentes de Tarantino tem outro final. Que, diga-se de passagem, é digno de aplausos.

O cineasta não abandonou em nenhum momento seu estilo debochado, irônico e caricato de contar suas histórias. Com roteiro original escrito por ele mesmo e estrelado pelos queridinhos da América e que, de lambuja, ainda tem participação especial de Al Pacino, Tarantino traz muitas referências cinematográficas entre trechos de filmes e pôsteres: “Arma Secreta contra Matt Helm (1968); “Three in the Attic” (1968″; Os Violentos vão para o Inferno”; “Lancer” (1968) – série de TV-; “Lady in Cement” (1968); “Na Mira da Morte” (1968); “O Vale das Bonecas” (1967); “Besouro Verde” (1966); “Fugindo do Inferno” (1963). Tem também um tributo aos filmes de guerra de Roger Corman “Invasão Secreta” (1964) – à Emiliano Zapata, além de um desfile de takes de clássicos do Western como “My Darling Clementine” (1946) de John Ford. E ainda, promove uma sessão catártica inspirada em “Aniversário Macabro” (1972) dando um desfecho à quadrilha de Charles Manson, de forma bem tarantinesca.

Outros destaques vão para a trilha sonora e direção de arte. Na primeira os temas são,em sua maioria, cinematográficos: Batman Theme de Neal Heltfi, Temas da série F.B.I (1965); Califónia Dreaming; Freya Bangs, Freya e Karata Dance de “Armas Secretas Contra Matt Helm”, ou seja, uma colcha de retalhos competente. Quanto à segunda, a maestria da constituição de tantos cenários bipolares é sensacional e ficou sob a batuta de Robert Richardson, oscarizado 3 vezes, por: “JFK” (1991); O Aviador” (2004) e “A Invenção de Hugo Cabret” (2011).

Em suma, “Era Uma Vez em Hollywood” é uma homenagem ao cinema, um desagravo ao fim trágico de Sharon Tate, uma tragicomédia sobre os bastidores de Hollywood, uma catarse coletiva em relação aos seguidores da seita de Manson, uma crítica política à época – prestem atenção ao cartaz colado nas laterais dos ônibus – enfim , uma comédia com tempero original Quentin Tarantino. Imperdível!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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