Eu, Tonya

Eu, Tonya

Por | 2018-02-20T20:33:15-03:00 20 de fevereiro de 2018|Crítica Cinematográfica|1 Comentário

Eu, Tonya (I, Tonya) (Biografia/Comédia/Drama); Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allyson Janney, Juliane Nicholson, Paul Walter Hauser; Direção: Craig Gillespie; USA, 2017. 120 Min.

Depois de “Esquadrão Suicida” (2016) como Arlequina, Margot Robbie encarna, mais uma personagem desajustada. Dessa vez, ela interpreta a ex-patinadora de competições olímpicas Tonya Harding. Dirigido por Craig Gillespie “Eu, Tonya” conta a história da vida da patinadora em três versões narrativas ficionais, a dela, a da mãe e o do ex-marido traçando visões diferentes de uma mesma história. Com cenas de arquivo, ao final, o longa-metragem é mais uma cinebiografia fidcionadas, só que, desta vez, pesada, dantesca e com um humor negro que ameniza a tensão de uma história tão violenta.

O recorte de tempo dado pelo roteirista Steven Rogers de “O Natal dos Coopers” (2015) é de 20 anos. Dos quatro anos de idade, quando se apresentou pela primeira vez, forçada pela mãe LaVona (Allyson Janney) ao julgamento por conspiração contra a, também, patinadora Nancy  Kerrigan (CaitlinCarver). Durante a infância e adolescência Tonya (Margot Robbie) sofreu violência doméstica e negligência, por parte de sua mãe, que forçava a barra para que ela se tornasse a melhor das patinadoras. Sem recursos e com todas as dificuldades emocionais que enfrentava, Tonya foi se embrutecendo. Além de não ter a délicatesse de outras patinadoras, não era a imagem que a patinação queria como exemplo de americana. Com tantos entreveros juntou-se a Jeff Gillooly (Sebastian Stan) que, além de violento, tinha conexões com vigaristas bocós. Um belo dia, ele resolve conspirar  contra a adversária de Tonya na patinação para tira-la do caminho. As investigações levaram até Tonya, o que prejudicou para sempre sua carreira de patinadora. Apesar da história pesada e violenta, o longa-metragem  se firma na linha de força da personalidade de Tonya. Com cara de relato de experiências com três versões da mesma história sendo contadas diretamente para a câmera, a digital de alma de Tonya, assertiva, violenta e irônica, está impressa na obra cinematográfica. E essa sacada deixou o filme palatável.

O que se destaca em “I, Tonya” (no original) é a edição de Tatiana S. Riegel que foi da equipe do filme “Pulp Fiction”(1994) de Tarantino, e que mostrou que aprendeu direitinho, a edição é sublime. Outro destaque vai para atuação de Margot Robbie que está sensacional e nos lembra a desajustada Arlequina. Com 3 indicações ao Oscar 2016 (edição, atriz principal para Margot Robbie e atriz coadjuvante para Allyson Janney) não há nada de extraordinário em termos de cinematografia, mas de história de vida é um soco no estômago daqueles que não acreditam em si. Para isso o filme serve, para mostrar ao mundo que contra todos os prognósticos a ordem do dia de Tonya Harding é continuar caminhando. Vale o ingresso!

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

Um Comentário

  1. Sonia Rocha 28 de fevereiro de 2018 em 14:04 - Responder

    Sim. “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi” um filme predominantemente produzido por mulheres e com uma história sensacional ambientado no Mississipi dos anos 40. Vale a pena ser divulgado. Obrigado!

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