‘Faz Sol Lá Sim’ uma questão de identidade

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‘Faz Sol Lá Sim’ uma questão de identidade

Por | 2020-10-28T20:26:12-03:00 28 de outubro de 2020|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Faz Sol Lá Sim (Documentário) Participações: Nelson da Rabeca e Cícero do Pife; Direção: Claufe Rodrigues; Brasil, 2019. 78 Min.

A mais recente produção da Chaplin Filmes dirigida por Claufe Rodrigues versa sobre a identidade cultural de uma cidade litorânea de Alagoas: Marechal Deodoro. Nomeada em 1939 e tornada Patrimônio Cultural Nacional desde 2006 a cidade é considerada um celeiro de instrumentistas. O longa faz um passeio pela História das cinco bandas da cidade, suas histórias cotidianas e seu contexto social. “Faz Sol Lá Sim” é um painel de identidade cultural de um povo e seu retrato social e de valores.

Marechal Deodoro é conhecida por suas cinco bandas: Filarmônica Santa Cecília, Sociedade Musical Carlos Gomes, Filarmônica Nossa Senhora da Boa Viagem, Sociedade Musical Professor Manuel Alves de França, Filarmônica Aconchego e de lambuja, a banda de pífanos ‘Esquenta Muié’ de Cícero do Pife. Ouvindo as histórias de seus maestros e músicos, o diretor e roteirista Claufe Rodrigues faz uma turnê pelo cotidiano da cidade amarrado pela conversa de dois atores que, pontuam os costumes da cidade e seus valores. E assim, desenha uma cidade atravessada pela música.

Entre trompas, trompetes, clarinetas, saxofones, tubas e bumbos o documentário nos leva às casas dos moradores para ouvir histórias, sonhos, desejos, expectativas correspondidas e não correspondidas. Somos convidados na casa de Nelson da Rabeca, ouvimos Cícero do Pife e nem seu Zezinho, do alto de seus noventa anos, nos escapa. Atordoados por histórias quase que duelísticas entre as bandas, percebemos, metaforicamente, que o futebol deles é a música com direito a cores, brazões, torcidas e até rivalidades.

Poeta, romancista, jornalista e compositor Claufe Rodrigues é conhecido por suas produções documentais sobre grandes autores da literatura como: Euclides da Cunha com “Uma Vida em Linha Reta” (2009); Fernando Pessoa com “O Poeta Fingidor” (2010) e; Machado de Assis com “O Bruxo do Cosme Velho” (2018). Em “Faz Sol Lá Sim” o cineasta nos apresenta o “Whiplash” dos trópicos. Um lugar em que a disciplina militar e a arte andam de mãos dadas e se dão bem.

“Faz Sol Lá Sim” é uma obra cinematográfica de registro de cultura e costumes através de conversas e nos mostra que talento não tem endereço.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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