X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix); (Ação/Aventura/Ficção-Científica); Elenco:Sophie Turner, James McAvoy, Nichael Fassbender, Jennifer Lawrence, Jessica Chastain;Direção:Simon Kinberg; USA, 2019. 113 Min.
Condene-me quem quiser, mas anuncio o texto me entregando. Considerei “X-Men: Fênix Negra” melhor que “Vingadores: Ultimato” (2019). O que se sagra nessa fase do Universo Marvel de Cinema é a capacidade de abrir e fechar ciclos com competência e a qualidade do sincretismo de linguagens.
Difícil ou quase impossível, falar de filmes de super-heróis comparando-os com filmes-cabeça ou filmes de arte, então, o referencial é o próprio universo das HQs e seus paralelos no universo cinematográfico. Dizer que filmes de heróis perdem por ter muita computação gráfica é outro equívoco. É essa tecnologia que possibilita trazer toda aquela fantasia à tona, povoar e alimentar o imaginário do espectador, outrora leitor de HQs. E nesse quesito “X-Men: Fênix Negra” não decepcionou.
Outro aspecto importante a se destacar é a maestria dos produtores da Marvel de criar um universo organizado, didático e inteligente que tem começo, meio e fim e vários estilos. Fechar a saga dos vingadores apresentando um personagem de cada vez, linkando muito bem as histórias. sempre os pés bem fincados nas HQs, independente da sanha comercial – que é o objetivo, já que é um blockbuster – durante o período de uma década, de forma paciente é de se tirar o chapéu. De piadas escalafobéticas, como em “Thor: Ragnarok” (2017) à saga solitária e psicológica de Wolverine em “Logan” (2017) ao final apoteótico e romântico de “”Vingadores: Ultimato” fez do universo Marvel um celeiro de estilos dentro do mesmo gênero. O décimo segundo filme da franquia X-Men “Fênix Negra”, independente das idas e vindas e da louca cronologia que a costura, é o início de uma nova etapa.
Isso tudo fecha divinamente com as escolhas feitas para contar a história de Jean Grey baseada nos quadrinhos “A Saga da Fênix Negra” de Chris Claremont de 1976/1977 publicada em X-Men (Vol 1)#101-108. Pinçando apenas o necessário para contar a trajetória dessa personagem fictícia, mutante poderosa que tinha capacidade de se conectar a força fênix, sem detalhes dispersantes ou desnecessários, mas com fatos pontuais e importantes que aconteceram ao longo de sua história nas HQs, como seu enfrentamento com Magneto (sua primeira missão nos X-men), seu relacionamento com Ciclope e a batalha em New York (pertencente a segunda geração dos X-men) num compilado só. O às dessas escolhas foi Simon Kinberg, roteirista e diretor do longa. Dentro do universo dos super-heróis é conhecido como produtor de: “Deadpool 2” (2018); “Star Wars Rebel” (série de TV) e, “Logan” (2017); como roteirista, por: “X-Men: Apocalipse” (2016), “Dias de Um Futuro Esquecido” (2014) e “Confronto Final” (2006). Nesses dois últimos se embolou um pouco, mas se safou. Ou seja, Kinberg não é Anthony ou Joe Russo, mas também não é um principiante, e deu conta do recado direitinho. Também, não dá para esquecer da dupla que completa magnificamente esse filme: Hans Zimmer (trilha sonora) e Mauro Fiori (fotografia). “Fênix Negra” não seria o mesmo sem a composição retumbante do cara que ousou trocar o tema de Superman e daquele que revolucionou os efeitos especiais em “Avatar” (2009).
Quem é fã do quadrinhos não vai ter do que reclamar. Só se sofrer de síndrome de personalização de filmes, achando que o diretor tem que fazer um filme só para ele (o que não é difícil de achar). Do contrário, se for um fã antenado, leitor voraz que conhece as várias mudanças acontecidas ao longo da saga dos mutantes e que faz conexões com transposição de linguagens, vai sair satisfeito. “X-Men: Fênix Negra” não perde o cerne das abordagens de “X-Men” que são o fomento e o apoio às diferenças e a potencialização da empatia, desde sua criação. O longa de Simon Kinberg fez barba, cabelo e bigode no universo de super-heróis das HQs no cinema e vale o ingresso.
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