Fique Comigo

Fique Comigo

Por | 2016-03-14T01:36:06-03:00 14 de março de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Fique Comigo (Asphalte). (Comédia); Elenco: Isabelle Huppert, Gustave Kerven, Valéria Bruni Tedeschi, Michael Pitt; Direção: Samuel Benchetrit; França, 2015. 100 Min.

O Longa metragem francês “Fique comigo”  é uma saga pelos nossos silêncios, pelo que queremos e não dizemos; é uma viagem sobre o que os olhos dizem. Composto de três histórias que se entrecruzam é uma comédia que faz uma ode ao cinema com uma pitada de criticismo em relação as misturas culturais, ovacionando o humano como interseção em meio a isso tudo.

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Três histórias. Em um prédio de classe média baixa (usando os parâmetros brasileiros), um misântropo, Monsieur Sterkowit (Gustave Kerven); Madame Hamida (Tassadit Mandi), uma senhora árabe cujo filho está na prisão; e a recém chegada Jeanne Meyer (Isabelle Huppert), uma atriz decadente em final de carreira, têm encontros inusitados.  Monsieur Sterkowitz,  depois de um problema de saúde, vê, esporadicamente, a enfermeira (Valéria Bruni Tedeschi); Jeanne inicia conversas com  um rapaz, Charly (Jules Benchetrit), seu vizinho de andar e Madame Hamida recebe como hóspede um astronauta da NASA, John Mckenzie (Michael Pitt). Esses encontros vão despertando em seus personagens ternura, afeto e identificação. “Fique Comigo” é um filme que fala sobre o processo natural de conquista de afeto entre os seres humanos. E o faz com tanta grandeza que junta um misântropo com uma altruísta, uma atriz madura, desesperançada com um jovem cheio de vida e futuro e uma dona de casa e um astronauta, numa exaltação ao que temos em comum, independente da cultura e dos costumes. É claro que, por trás de toda essa inusitariedade, e sendo uma comédia, essa costura tem sua faísca de criticismo social e cultural, vide o americano e a árabe, com tiradas que raspam no terrorismo e fazem um painel do fomento do medo, mas com uma mensagem de miscigenação cultural procedente e genial.

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O diretor Samuel Benchetrit, que também roteirizou o longa, é conhecido pelo premiado “I Always Wanted to be a Gangster” (2007), e faz uma ode ao cinema quando traz referências de filmes para cada núcleo. Para o núcleo de Monsieur Sterkowitz “As Pontes de Madison” (1995); para o núcleo de Madame Hamida e o astronauta “Gravidade” (2013) e “2001- Uma odisseia no Espaço” (1968) e “Duro de matar” (1995);  para o núcleo de Jeanne a filmografia de Isabelle Huppert. E ainda aborda os desejos da alma e do inconsciente/consciente com um barulho que cada um decodifica com suas redes de criação de sentidos e significações. Outros aspectos que merecem destaque são: a fotografia  nublada e seca de Pierre Aïm de “Paris, Eu Te Amo” (2006), metaforizando, possivelmente,  a alma humana e que também faz parte da história, quase como personagem; e a edição de Thomas Fernandez, que fez parte da equipe de “Enter The Void” (2009) de Gaspar Noé.

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“Asphalte” (no original) é uma história de encontros que despertam ternura, riso e compaixão num mundo urbano e alienado. Um filme francês discreto, cujo barulho é o da alma. Soberbo!

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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