Fogo no Mar

Fogo no Mar

Por | 2017-02-11T13:57:04-03:00 11 de fevereiro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Fogo no Mar (Fuocoammare/Fire at Sea) (Documentário); Direção: Gianfranco Rosi; Itália/França, 2016. 144 Min.

Indicado ao Oscar 2017 na categoria de documentário de longa-metragem, “Fogo no Mar”, do diretor eritreu Gianfranco Rosi é um registro do cotidiano da ilha de Lampedusa que fica a 200km da costa da Sicília, entre o continente africano e o continente europeu. Por conta da crise de imigrantes na Europa a ilha tornou-se a porta de entrada de centenas de refugiados vindos da Costa d Marfim, da Nigéria, do Sudão, da Eritreia, da Líbia, da Síria e da Somália. O longa-metragem é um passeio por essa recepção e triagem misturada à vida da ilha sem nenhuma pretensão jornalística.

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Gianfranco Rosi é um eritreu de nascimento, com cidadanias americana e italiana. Cineasta formado pela universidade de New York dedica-se a documentar recortes específicos da vida cotidiana. Em “Below Sea Level” (2008)  registra a vida de pessoas que moram nos desertos americanos, em “El Sicario, Room 164” (2010) nos proporciona uma viagem pelos submundo dos sicários mexicanos através do relato de experiência de um deles. Mais conhecido por “Santo Gra” (2013) pelo qual ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza, Rosi em “Fogo no Mar” faz mais que dirigir, o olhar da câmera é o dele, já que também é responsável pela fotografia. O registro exigiu meses de filmagens e a edição suave e fluida ficou por conta de Jacopo Quadri de “Bicho de Sete Cabeças” (2000) de Lais Bodanzky estrelado pelo nosso Rodrigo Santoro. Ganhador de prêmios importantes mundo afora, como: o Prêmio Ansitia internacioanl, o Urso de Ouro, o Prêmio do juri ecumênico e o Berliner Mongenpost, todos do Festival de Berlim, o longa teve ainda 24 indicações a prêmios.

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O longa produzido por Itália e França é uma viagem pela forma com a qual a ilha de Lampedusa, com 6000 habitantes e 20Km² de área exercita sua humanidade. Um passeio pelo dia-a-dia dos moradores: o cotidiano das crianças, as histórias da avó, a rádio da cidade, a pesca dos habitantes e, é claro, a resgate de imigrantes fugidos dos conflitos bélicos de seus países de origem. “Fogo no Mar” é mais do que uma conclamação de humanidade é um registro de dor e sofrimento de quem deixa uma vida inteira para trás para iniciar uma nova jornada. Um caminho incerto sob o qual não se tem controle algum e que depende da misericórdia alheia. Para esse quesito de registro de dor e de solidariedade humana os takes de Gianfranco Rosi e a edição da Jacopa Quadri dão conta do recado sublimemente.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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  1. anisioluiz2008 11 de fevereiro de 2017 em 14:13 - Responder

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