Gabriel e a Montanha

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Gabriel e a Montanha

Por | 2018-06-16T20:00:42-03:00 10 de novembro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Gabriel e a Montanha (Drama); Elenco: João Pedro Zappa, Caroline Abras, Alex Alembe, Rashidi Athuman, John Goodluck,Luke Mpala, Manuela Picq, Rhosinah Sekeleti, Donald Siampala; Direção: Fellipe Barbosa; Brasil/França, 2017. 131 Min. #MostraSP2017

Somos finitos, mas algumas coisas nos eternizam nos outros. A forma com a qual vivemos e vemos a vida são algumas delas. É através dessa atuação no cotidiano que tocamos as pessoas. E essas premissas se tornam verdadeiras, dentro do limite do que possamos chamar de ‘verdade’ no mais recente filme de Fellipe Barbosa. O cineasta, conhecido por “Casa Grande” (2014) refez a trajetória de seu amigo de infância que veio a falecer em 2009, buscando todos os indícios de seus passos, indo aos lugares onde esteve e conhecendo as pessoas com as quais conviveu. E fez isso, com um cuidado e zelo que, para além de uma homenagem é uma declaração de amor fraterno e uma eternização da pessoa que foi  Gabriel Buchman.

“Gabriel e a Montanha” é uma ficção que cobre o ano de 2009 do economista Gabriel Buchman que estava se preparando para um doutorado em políticas públicas que versaria sobre  o combate as desigualdades sociais. Para tanto Bucnman percorreu 26 países no sudeste asiático, Oriente Médio e do continente africano. Neste  ao escalar o monte Mulanje no Malawi, se perdeu e veio a falecer de hipotermia. O que Felipe Barbosa faz com o aval da família é uma pesquisa detalhada dos lugares por onde Gabriel passou, colhendo depoimento das pessoas com as quais ele esteve e conviveu, cruzou as fontes de correspondências de e-mails com cadernos de anotações, fotos registradas por Gabriel e contatos telefônicos  para recriar essa jornada que apresenta ao mundo um indivíduo cheio de vida, livre de preconceitos e com uma forma muito especial de ver a vida e as suas relações.

O roteiro foi escrito a 6 mãos: por Kirill Mikhanovsky, diretor russo conhecido por “Sonhos de Peixe” (2006); Lucas Paraízo de “El Aula Vacia” (2015) e o próprio Fellipe Barbosa.  Gabriel foi interpretado magistralmente por João Pedro Zappa de “Boa Sorte” (2014) contracenando com Caroline Abras que interpreta Cristina a namorada de Gabriel, conhecida por “Sangue Azul” (2014). Mas, o mais instigante é que os demais personagens não são atores profissionais ou figurantes, e sim as pessoas reais que conviveram com o economista montanhista e que se sentiram honradas em participar de um projeto que lembrasse o amigo saudoso. “Gabriel e a Montanha” nos mostra que somos o que deixamos nos outros. A energia do congraçamento ( porque é isso que parece) extrapola a tela. E como se não bastasse, o figurino usado por Zappa é do próprio Gabriel com consentimento da família. Tudo isso fruto de um projeto de homenagem carinhosa, despedida e muita pesquisa que desembocou em 3 meses de gravações e um resultado bem sucedido de premiações e reconhecimento mundo afora pela forma com a qual o viés escolhido é abordado.

O filme ganhou o prêmio revelação na semana da crítica do Festival de Cannes, um prêmio da Fundação Gan, também em Cannes, que tem como patrono Costa-Gavras; e o prêmio da crítica de melhor filme nacional na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. “Gabriel e a Montanha” é uma ode à vida, à simplicidade, à união dos povos, à igualdade. “Gabriel e a Montanha” é um filme emocionante e terno, é um ‘road movie’ da vida que vem em muito boa hora.


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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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