Grace de Mônaco (Grace of Monaco). (Biografia/Drama/Romance); Elenco: Nicole Kidman, Tim Roth, Frabk Langella, Paz Vega, Robert Lindsay, André Penvern; Direção: Olivier Dahan; França/USA/Bélgica/Itália/Suíça, 2014. 103 Min.
Depois de “Diana” (2013) de Oliver Hirschbiegel que conta os últimos anos de vida da princesa de Gales, temos uma outra biografia de realeza, também mulher, também plebéia e que partiu para a outra dimensão da mesma forma trágica. Trata-se de Grace Kelly, a princesa de Mônaco. Usando um recorte menor de tempo (1961/1962) e sem ter a intmidade como eixo principal, o roteirista Arash Amel apresenta ao mundo sua homenagem e seu recorte de memória da princesa de Mônaco, com “Grace de Mônaco”.
O contexto é o do embargo do, então presidente francês Charles de Gaulle, ao condado de Mônaco, quando da guerra da Argélia, exigindo que Mônaco pagasse impostos à França. As crianças: Carolina e Albert, ainda pequenos; o convite de Alfred Hitchcock para que Grace atuasse em seu filme seguinte são os nós que Arash Amel usou para fazer um passeio pela relação, ou o que se pode dizer dela, entre Rainier e Grace; O cotidiano das crianças em meio a negociações e intrigas palacianas, a pressão política feita por Paris e a participação de Grace, como figura pública, no desenrolar da questão são a continuação da tessitura dessa rede. Arash ainda aborda, pela tangente, o processo de adaptação e adequação da atriz plebéia ao seu mais novo e importante papel/atuação, a de princesa de um condado.
Olivier Dahan – diretor – foi indicado ao BAFTA por “Piaf: Um Hino ao Amor” (2007) e tem talento em abordagens biográficas. Arash Amel não é roteirista experiente, tem apenas 4 roteiros em seu curriculo mas mostrou classe na abordagem, deixando as futilidades e questões desnecessárias de lado e focando na memória de Grace como alguém mais que uma princesa que cumpria agenda de caridade. Embora superficial e meio voltado para a linha conto de fadas – lembrando sempre que é uma versão, um olhar sobre Grace Kelly e não ‘a verdade’ (se ela existir) sobre a persona da princesa – rende uma boa homenagem. O destaque dessa vez é para o figurino de Gigi Lepage que vestiu Catherine Deneuve em “A Vingança do Mosqueteiro” (2001).
Nicole Kidman, está primorosa no papel de Grace, e em alguns momentos lembra mesmo a princesa de Mônaco. Tim Roth fez o que pode para encarnar Rainier III. A graça do longa-metragem é trazer memória de figuras importantes que não temos tanto porque lembrar, mas que estão lá e nos remetem a alguns momentos da história atual como: Aristóteles Onassis (Robert Lindsay) e Charles de Gaulle (André Penvern).Mas o primor foi inserir a relação de Grace com a espontânea Maria Callas, interpretada por Paz Vega, e mais, colocar duas músicas na voz da diva: O Mio Babbino Caro de Giacomo Puccini e Ebben? Ne Andrò Lontana de Illica e Catalani.
“Grace de Mônaco” como história acrescenta pouco, cai no lugar comum, mas se destaca pelo recorte político. É um filme homenagem, com vistas a fomentar a memória de Grace Kelly com alguns vídeos pessoais de arquivo e uma produção cuja direção de arte e os diálogos e argumentos em relação ao contexto da época são muito bons. Mas se tiverem que julgar “Grace de Mônaco” o façam pela música, Jean Sibelius e Claude Debussy agradecem. Indicado ao Primetime Emmy Awards 2015 o filme poderia ser uma ópera agregando romance, drama e tragédia, mas não foi esse o objetivo nem a intenção. Para o que se propôs dá conta do recado.
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