Grandma

Por | 2015-10-06T04:22:33-03:00 6 de outubro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Grandma. (Comédia); Elenco: Lily Tomlin, Julia Garner, Marcia Gay Harden, Judy Greer; Direção: Paul Weitz; USA, 2015. 79 Min. #FestivalDoRio2015

“Grandma” é um passeio pela alma feminina, suas formas de ver a vida e de administrar o que acontece. Da juventude à velhice: os amores, as marcas que deixam, a solidão, a maneira de se reinventar. Do criar filhos sozinha ao aborto; do sonho de vida impingido pelos outros ao encontro consigo mesmas; é uma mapa de itinerários de decisões femininas e uma radiografia intrínseca desses caminhos. Tudo isso atravessando um dia na vida de Elle (Lily Tomlin), uma avó lésbica, da pá virada e com um modo muito peculiar de ver a vida e vive-la.

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Elle é uma senhora independente, solitária e misantropa, que vivera uma relação por 38 anos com alguém que veio a falecer e, não consegue mais se relacionar com facilidade. No dia em que termina sua mais recente relação, com Olívia (Judy Greer), bate à sua porta a neta de 18 anos, Sage (Julia Garner), grávida e pedindo dinheiro para fazer um aborto. O longa é a saga das duas atrás do valor monetário para tal intento, já que num ataque anticapitalista, Elle picou todos os seus cartões de crédito e os transformou em Ventus de Sirius e os pôs pendurados à porta. Enquanto isso Elle faz um apanhado de sua vida, se apresenta à sua neta de uma maneira que ela ( a neta) nunca havia visto, reata laços com a filha, revê um grande amor de juventude, sem vitimismos, sem julgamentos ou moralismos, sem choro nem vela.  Pelo contrário, o riso corre solto durante a exibição, pelas sacadas inteligentes e pé-no-chão que Paul Weitz não deixou passar. Nada de hipocrisia e verniz. Tudo é dito na lata com veracidade e sem jogos de dissimulação.

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A história tem como primor os diálogos e a quantidade de atravessamentos de assuntos que são abordados em tão pouco tempo, num roteiro tão enxuto que não  cansa e dá gosto. Lily Tomlin de “Grace and Frankie” (série de TV) está simplesmente soberba e a ninfeta Julia Garner de “As Vantagens de Ser Invisível” (2012) não deixa a peteca cair. O filme foi abertura no Festival de Los Angeles, seleção oficial no Tribeca e Sundance e concorre ao prêmio Félix no Festival do Rio, no qual já foi ovacionado em sua primeira exibição.

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O longa de Paul Weitz é dividido em seis capítulos poéticos e é um roadmovie a bordo de um Dodge Royal 1955 e quem está no controle é uma mulher. O protagonismo feminino em “Grandma” está além das personagens, está na mulher em geral e suas questões em diferentes momentos da vida e gerações. O assunto que puxa a corda da história é pesado, mas a pegada é levíssima.

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  • Festival do Rio 2015 – Mostra Panorama do Cinema Mundial

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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