Hélio Oiticica

Hélio Oiticica

Por | 2014-07-30T15:17:14-03:00 30 de julho de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Hélio Oiticica (documentário); Diretor: César Oiticica Filho; Brasil, 2012. 94 Min.

Se a função de um documentário for trazer registros reais, acontecimentos e sistematiza-los de forma a se manter a memória, “Hélio Oiticica” cumpre-a muito bem. Fazendo parte do boom de documentários que invade o circuito nacional ultimamente, busca o diferencial de traçar a evolução da carreira e as explicações conceituais de suas obras. Dirigido e roteirizado pelo sobrinho, César Oiticica Filho, a obra é de cunho afetivo e histórico, funciona, ainda, como uma homenagem e registro de vida, de estilo, de ideologia pessoal e da obra do artista plástico.

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A obra  é bilíngue e conta como uma pesquisa extensa de imagens feita por Antônio Venâncio, que proporciona o acompanhamento da obra do artista: o grupo frente, o neoconcretismo, a criação dos bólides, os parangolés, a criação de tropicália, o período em New York e a volta para o Brasil. É um documento cinematográfico do período de maior efervescência  de nossa cultura, até porque ele cospe na semana de arte moderna de 1922, e é a união de reflexão com criação artística de um dos maiores ícones das artes plásticas da segunda metade do século XX. E permite um mergulho no pensamento, na trajetória e na intimidade de Hélio Oiticica.

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Como “Dominguinhos” (2014) traz a narrativa em primeira pessoa. O artista falando de suas obras, do objetivo e da inovação de seu trabalho, a desauratização da arte tradicional e o fazer do observador um participante, proporcionando experiências de percepção. A tecitura da obra experimental, seus porquês, a elaboração do conceito de suprassensorial, a desintelectualização das artes e a derrubada dos preconceitos sociais, preconizados por Hélio não só na arte como em seu cotidiano pessoal. O filme conta ainda com imagens de consumo de drogas, sexo e a confecção de “cosmococas”, cinco de nove instalações com fotos, slides projetados nas paredes, trilha sonora, com espaços de exercícios de percepção através de redes, piscinas e balões, e ainda, o processos de maquiagem das imagens com cocaína.

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O filme ganhou o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio (2012); o 63º Festival de Berlim (2013); o prêmio Caligari (2013) concedido pela revista alemã Film Dienst a obras inovadoras e o FIPRESCI da Federação Internacional de Críticas de Cinema (2013). Conta também com imagens de arquivo de artista valorosos e ovacionados como Glauber Rocha, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nelson do Cavaquinho, Jimmy Hendrix, entre outros. É uma viagem pela cabeça, pela vida e pelas obras de Hélio Oiticica numa homenagem e registro muito bem realizados.

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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