‘Homem-Aranha no aranhaverso’ é HQ em movimento

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‘Homem-Aranha no aranhaverso’ é HQ em movimento

Por | 2019-01-02T11:23:55-03:00 1 de janeiro de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-man: Into the Spider-verse) (Animação/Ação/Aventura); Elenco: Shameik Moore, Mahershala Ali, Brian Tyrie Henry, Zoë Kravitz, Nicolas Cage, Chris Pine; Direção: Bob Persechetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman; USA, 2018. 117 Min.

Marvel e D.C sempre foram concorrentes, cada uma com suas características bem definidas e heróis correspondentes. Ano passado tivemos momentos muito bons com as duas, a Marvel com “Vingadores: Guerra Infinita” e a D.C com “Aquaman”. Nenhum Nerd de plantão tem o que reclamar, seja ele fã de uma, de outra ou das duas. Mas, o inesperado vem da Sony Pictures que, então, detentora dos direitos do Homem Aranha (Marvel) resolveu bagunçar o coreto do mundo do Universo expandido da HQs para o cinema produzindo “Homem-Aranha no Aranhaverso”. Sendo uma animação, ninguém esperava nenhuma obra-prima ou novidade, já que vivemos numa era tecnologizada em que as animações ganham multifacetagens mas que não surpreendem por sua arte e sim pelo seu conteúdo. A produtora não só inovou no mundo das artes dos Quadrinhos para o cinema como apresentou um super roteiro. O longa é uma obra de arte do mundo dos Quadrinhos, com traços misturados (Mangá, cartoon,  desenho 3D) estilos diversos (futurista/noir/grafitti), com uma trilha que tem de rap a pop, com personagens vilões do Universo Marvel, de Wilson Fisk (Demolidor) a Drª Octoplus, num liquidificador sensacional além de seu contexto inclusivo.

Miles Morales é um menino negro, com um cotidiano comum, fã do homem aranha que aos poucos vai descobrindo que existem outros universos, nos quais as realidades são parecidas, tem os mesmos personagens, mas cada um com as características culturais de seu tempo.  O roteirista Phil Lord de “Uma Aventura Lego 2” (2014) e Rodney Rothman (que também dirigiu o longa) e mais uma dúzia de cabeças pensantes, juntaram várias heróis de dimensões diferentes em torno de diversos vilões e criaram uma ode às Histórias em Quadrinhos no cinema. Com traços de HQ, takes de HQ, angulações e onomatopeias escritas, a animação dá a sensação de se estar lendo uma História em Quadrinhos no cinema. A linguagem é toda de HQ. Assistir ao longa é uma experiência de leitura de Quadrinhos em movimento. Uma verdadeira obra de arte por sua riqueza e inovação. Aqui o roteiro é esmerado, ancorado na teoria do multiverso em que existem realidades paralelas que convivem ao mesmo tempo cada uma em sua dimensão, mas que numa emergência todas podem se unir. A história é cheia de piadas e tiradas sensacionais com sacadas inteligentes que são melhores aproveitadas pelos nerds de plantão, mas que não deixa ninguém de fora. “Homem-Aranha no Aranhaverso” é um festival de conexões com cartoons, filmes e HQs do Homem-Aranha e seus vilões revisitados e revitalizados  para a era moderna para ninguém botar defeito.

Sob a batuta de Bob Persechetti  e Peter Ramsey que têm um currículo invejável em participações em departamentos de animações como “Gato de Botas” (2011) e “O Pequeno Príncipe” (2015), além de experiência com storyboards e ilustrações de obras como: “Drácula de Bram Stocker” (1992); “Batman Eternamente” (1995); MIB: Homens de Preto” (1997) e “Godzilla” (1998), além do próprio Rodney Rothman. A trilha sonora sensacional é de Daniel Pemberton de “Steve Jobs” (2015); “Todo Dinheiro do Mundo” (2017) e “A Grande Jogada” (2017)  que inclui de Hip Hop, Rap e Pop num pool de contemporaneização e movimento de inclusão da cultura popular sem igual. Tudo no longa é na medida, sem tirar nem por. Se mexer estraga. Aí  incluídas direção de arte e designer de produção.

Ou seja, o ano de 2018 pode ter sido morno para as grandes produções cinematográficas, mas no mundo do universo expandido das HQs para o cinema a coisa bombou, e está fechando o ano com chave de ouro. Agora, é só esperar, pois 2019 também promete, e já vem com tudo estreando “Capitã Marvel”. O azarão Sony Pictures vem provar que para se fazer alguma coisa de qualidade não precisa de tanta computação gráfica.  Basta uma boa ideia, um bom roteiro, bons profissionais, alguma tecnologia e muito talento. Te cuida Live-Action!!!

Numa palavra? ESPETACULAR!!!

 

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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