Homens, Mulheres & Filhos

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Homens, Mulheres & Filhos

Por | 2018-06-16T23:37:25-03:00 4 de outubro de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Homens, Mulheres & Filhos (Men, Women & Children). (Comédia/Drama); Elenco: Adam Sandler, Jennifer Garner, Kaitlyn Dever, Rosemarie DeWitt,  Ansel Elgor; Diretor: Jason Reitman; USA, 2014, 119 Min. #festivaldorio2014

“Homens, Mulheres & Filhos” de Jason Reitman é um filme para se assistir com todos os sensores ligados e com uma atenção cognitiva capaz de fazer conexões. Mais do que falar da sociedade moderna com a internet, é uma viagem de introspecção que começa no espaço sideral com uma visão de nossa galáxia e com a grandeza de tudo o que nos cerca  pontuando a nossa pequenez. A narrativa nos põe numa condição infinitesimal no universo, através da fotografia do “Pálido Ponto Azul”, sob a qual o cientista Carl Sagan fez reflexões pertinentes e cotidianas. E é sobre essas reflexões que trata “Homens, mulheres & filhos”, em que, a partir desse lugar no universo, a aproximação vai ao ponto de promover uma viagem interna pelos anseios, desejos, sedes, necessidades da alma,  e que se expressa na forma com a qual concebemos o mundo, e criamos seu arcabouço com todas as armadilhas para nós mesmos. O filme destrincha os medos, os temores, as incertezas, os paradoxos do ser humano em suas relações sociais e familiares.

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 A trama consiste nas questões cotidianas de quatro núcleos familiares. O de Don (Andam Sandler) e Helen (Rosemarie DeWitt), que têm problemas conjugais; o de Patrícia (Jennifer Gardner) com sua filha Brandy (Kaitlyn Dever) que cria a filha sozinha e é uma mãe superprotetora; o de uma mãe liberal e “plugada” Donna (Judy Greer), que cria a filha sozinha Hannah (Olivia Crocichia) e o de Kent (Dean Norris), um pai que cria o filho Tim (Ansel Elgort) – de “A culpa é da estrelas” –  depois de ter sido abandonado pela mulher. Nessa ciranda tão comum as sociedades ocidentais, independente do status social, se trava uma luta nada silenciosa pela felicidade, seja a dos filhos, como mães e pais que são, ou as suas próprias como homens  e mulheres que são. E aí está um mote interessante, “Erotizar” pai e mãe. São, normalmente, pessoas assexuadas para nós. Porém , já no título do filme de  Jason Reitman, baseado na obra literária homônima de Chad Kultgen, a obra  se coloca quanto ao  direcionamento do olhar, quando os denomina de homens e mulheres. O erotismo é o ponto forte da película, seja como caminho de descoberta da vida e procura da felicidade, ou como alerta de uma portal de situações difíceis como gravidez na adolescência e o mal uso de imagem na web.

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“Homens Mulheres & Filhos” insere de uma forma inteligente, engendrada,  cheia de vida e com uma costura magistral, tudo o que faz parte da vida de todo mundo e escolhe um caldo cultural para fazer tudo isso fluir – a internet. Diferente de “Boyhood: da infância à juventude” que, salvaguardadas as peculiaridades de produção, fala do cotidiano, e mesmo adentrando uma época em que internet já dominava, Linklater decidiu deixar a web de fora e falar de coisas mais inerentes à paternidade, Jason Reitman e seus colegas, apostaram no catalisador moderno e acertaram em cheio. Mesmo que não seja a internet o centro da questão.

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E isso se fundamenta analisando o caminho literário de Chad Kultgen, que  é conhecido pelos seus livros polêmicos, que fazem uma radiografia das relações sociais e sexuais do americano. Como por exemplo: The Average American  Male (2007); Men Women and Childrens (2011) e The avrage Americam Marriage (2013). Crítico severo das relações da sociedade americana, Chad Hutgen, ainda se aventurou pela seara cinematográfica com “O incrível Mágico Burt Wonderstone” (2013) em que é roteirista e atua como um dos personagens,  que é um espectador. E uma série de TV, “Bad Judge” (2014).Logo, o cerne da questão são as relações imbricadas entre si em “Homens, Mulheres & filhos” e a Internet é só o contexto, o caldo que dá vida a história.

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Em relação aos recursos humanos, por trás das câmeras, que possibilitaram essa belíssima empreitada além de  Jason Reitman  que dirigiu e roteirizou o filme, que tem no currículo sessenta e três prêmios em festivais mundo a fora e foi indicado ao Oscar pelos filmes “Amor sem escalas” (2010) e “Juno” (2008). Tem também, Emma Thompson como a voz que narra a história, e a trilha sonora que tem em seu repertório “I feel Love” de Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellote, “Wigwan” de Bob Dylan, dentre outras.

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O argumento da relatividade das coisas é explendoroso. A relatividade de nossa importância, tendo como referêncial o  universo e o outro.  O modo de um adolescente ver a vida, o de uma mãe preocupada com o futuro da filha, ou com a proteção e segurança de uma forma bem atual. A vida privada virtualizada, a criação de identidade, a falta de informação dos jovens mesmo com todo o arcabouço de informações oferecido pela web, a falta de conhecimento do próprio corpo. Em suma, o real e o virtual.

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A parceria Jason Reitman  com Chad Kutgen  é de se aplaudir, pois explorando pressões sexuais falam de tudo sem cair na vulgaridade. E ainda nos faz refletir sobre a forma de vida “armadilha” a qual escolhemos para atuar no pálido ponto azul. Numa Palavra?!…Magistral.

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  • Panorama do Cinema Mundial

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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