Invasão de Privacidade

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Invasão de Privacidade

Por | 2018-06-17T00:37:34-03:00 12 de novembro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Invasão de Privacidade (I.T) (Crime/Drama/Mistério); Elenco: Pierce Brosnan, Jason Barry, Karen Moskow; Direção: John Moore; Irlanda/França/USA, 2016. 95 Min.

O tema invasão de privacidade nunca esteve tão em evidência. Desde as denúncias de Edward Snowden em 2013 que a abordagem é recorrente. Mas o longa em questão fala sobre o assunto com os dois pés fincados em outro filme, o de 1993 dirigido por Phillip Noyce e estrelado por Sharon Stone, no auge de sua fama. Logo, fazer analogias entre os dois é uma tentação e um bom viés de abordagem textual já que, salvo a participação de Pierce Brosnan, não há muito de positivo para se destacar.

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No filme da década de 90 o dono de um prédio de apartamentos residenciais brincava de onisciência vigiando a todos os seus inquilinos. Numa vibe Hitchcockiana com takes que nos remetem a “Janela Indiscreta” (1954) e a “Um Corpo que Cai” (1958), a história tinha escopo. Brincava com a teoria das psicologia das lentes – e  a cita – com argumentos psicanalíticas, engendramentos de exercício de poder em relação a necessidade humana de saber tudo, além do fetiche do voyerismo. No filme de John Moore, estrelado por Pierce Brosnan o vazio habita o roteiro. Mike Regan (Pierce) é um mega empresário de uma empresa de jatinhos para aluguel e numa apresentação conhece o especialista em tecnologia Patrick (Jason Barry), um estagiário da compania. A partir do sucesso na empreitada Mike  chama Patrick  para fazer um upgrade no sistema tecnológico de sua residência. Do nada o indivíduo grampeia a casa do chefe, do nada toma ódio pela família, do nada passa a exercitar sua psicopatia com um grupo de pessoas que sequer teve tempo para estabelecer relações. E a história põe o espectador à velocidade da luz dentro de uma batalha épica. O filme de John Moore subestima a inteligência de um psicopata – sem contar com a do espectador – e brinca com a gratuidade nas ações. O que não significa que não tenha cenas de suspense muito bem encaminhadas, mas só. O argumento é raso.

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John Moore de “Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer” (2013) é roteirizado por Dan Kay (autor da história), juntamente com William Wisher Jr. de “O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final” (1991). Com direção insegura em alguns momentos – tornando o que deveria ser um terror em algo risível – e um roteiro superficial, “Invasão de Privacidade”  não tem profundidade num tema que está em voga no momento e que poderia ser abordado com muito mais riqueza. O que salva a lavoura é participação de Pierce Brosnan no elenco, ( o 007 de 1995 a 2002) e, possivelmente, para chamar público.

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O longa nos faz pensar sobre o que faz um filme ter qualidade em sua missão de contar uma história. Por mais que a tecnologia cinematográfica de duas décadas atrás não chegasse aos pés do que temos hoje, principalmente para falar sobre o tema, a obra de Phillip Noyce tem muito mais camadas, engendramentos entre elas e riqueza de argumentos. A versão de John Moore não inovou nem no título, nem nos takes – que o diga a cena da banheira – ou seja, “Invasão de Privacidade” versão 2016 é fraco no argumento, nas atuações, no elenco e na escolha da equipe – ilustres desconhecidos – e na criatividade. Mas o filme é um produto comercial, e todo o produto tem um público alvo, para quem gosta de plasticidade vazia, argumento raso e do Pierce Brosnan está valendo.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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