Janis: Little Girl Blue

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Janis: Little Girl Blue

Por | 2018-06-17T00:27:57-03:00 10 de julho de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Janis: Little Girl Blue (Documentário/Biografia/Musica); Elenco: Janis Joplin, Cat Power, Laura Joplin, Michael Joplin, David Dalton; Direção: Amy Berg; USA, 2015. 103 Min.

O documentário dirigido por Amy Berg e que demorou sete anos para ser concluido é uma mistura técnica de “Amy” (2015) e “Cobain: Montage of Heck” (2015) com imagens de arquivo -algumas inéditas – trechos de entrevistas com Janis, com familiares,  músicos das bandas nas quais cantou, agentes e colegas de colégio. E também, cartas escritas pela cantora para sua família. Tudo isso narrado pela cantora Chan Marshal ou  Cat Power, como é mais conhecida, e muito bem amarrado com uma edição magistral.

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A seara dos documentários tem seus críticos devido à cogitação de  que a narrativa do documentário, mesmo sendo uma versão de quem conta, imponha ares de verdade e de documento. Quando na realidade, possivelmente, é uma vertente da ficção. Tem inclusive alguns documentários que mesclam esses dois gêneros quase que numa afronta e desmistificação, como é o caso de  “Olmo e a Gaivota” (2015). Olhar para o gênero documentário e esperar dele a verdade é, no mínimo ingênuo, porém essa modalidade de narrativa continua trazendo até nós recortes poderosos da vida de pessoas que admiramos e que gostamos de acreditar que seja verdadeiro, ou que ali, naquela versão tenha algo escondido que ninguém ousou dizer, como é o caso de “Senna” (2010) de Asif Kapadia. Nesse contexto de discussão com uma edição competente e que consegue capturar a essência da energia da biografada, está “Janis: Little Girl Blue”.

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Conhecida dos amantes do Rock, do Blues  e do Soul Janis Joplin teve uma passagem meteórica no mundo show business, muito parecida com a de Amy Winehouse. Pioneira , como mulher, entre os grandes nomes do Rock e influenciada por  Bessie Smith, Odetta Leadbelly, Etta James, Big Mama Thornthon, Aretha Franklin e Billie Holliday, Janis Joplin viveu vinte e anos intensamente, das grandes alegrias do sucesso às grandes tristezas, todas de forma exponencial.  O documentário não se furta em mostrar sua vida pessoal e sua intimidade e traz o registro de quem foi a pessoa de Janis Joplin por trás da fama e daquele vozerio de timbre raro. Abordando da infância ao ensino médio, da primeira banda – os Big Brothers – até sua morte em 1970, “Janis: Little Girl Blue” apresenta a digital de alma de uma texana que sempre buscou aceitação alheia e ser amada. E mostra, também,  o que Janis encontrou – incompreensão e solidão, da qual tinha pavor – e nesse aspecto de abordagem o documentário se compara a “Cobain: Montage of Heck”. Toda a história é costurada pelas cartas de Janis à sua mãe, o que possibilita acessarmos a sua maneira de pensar e de sentir o mundo.

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Porém, a azeitona da empada fica com os aspectos técnicos e a medalha vai para a edição de Billy Mcmillin de “Iraq in Fragments” (2006); Garret Price de “Stolen Seas”(2012) sobre a pirataria somali; e Joe Beshenkovsky de “Cobain: Montage of Heck”. Ou seja, uma galera séria e competente da seara dos documentários. Tudo isso sob a batuta do olhar perspicaz e corajoso de Amy Berg que não se furta em tocar em temas polêmicos e não foge de abordagens pesadas como o documentário “Livrai-nos do mal” (2006) que versa sobre abusos de menores na Igreja católica – que, inclusive, foi indicado ao Oscar – ou ainda “West of Memphis” (2012) que versa sobre a falência da justiça – este indicado ao BAFTA. Essa diretora e roteirista ousada encontrou o ponto certo da alma de Janis garimpando em imagens de arquivo por sete anos, e o resultado é uma radiografia sensível e íntima de Janis Joplin; uma viagem pela década de 60, da moda aos festivais de música – como o de Monterey e Woodstock – passando por manifestações políticas de igualdade de direitos da época.

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Exibido em festivais como: o de Veneza, o de Toronto, o BFI, o de Amsterdã e do Rio de Janeiro, o documentário mata saudade dos vídeos, dos shows, das músicas mais famosas, da beleza e da naturalidade da texana que foi chamada de Rainha do Rock and Roll e maior cantora de Blues e  Soul da sua geração. Para quem gosta de rock “Janis: Little Girl Blue” é para ser assistido de joelhos.

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Em tempo: Fique até o final dos créditos. Tem uma fala de John Lennon que é o arremate final da obra.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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