La Vingança ( Comédia); Elenco: Felipe Rocha, Daniel Furlan, Leandra Leal, Adrián Navarro; Direção: Fernando Fraiha; Brasil/Argentina, 2016. 90 Min.
“De onde não se espera é que vem”, diz um adágio popular. E isso se aplica como uma luva à comédia romântica dirigida pelo brasileiro Fernando Fraiha na co-produção com a Argentina. “La Vingança”, cujo ‘portunhol’ do título já nos dá uma noção do que vem pela frente, é uma viagem gostosa no universo da rinha cultural entre Brasil e Argentina. Em que a partir de uma traição amorosa os roteiristas desenvolveram uma história de vingança costurado pela ‘catimba’ que se estende a todos os aspectos da vida, com direito a piadas cinematográficas, carnavalescas e, é claro, futebolísticas. Tudo junto e misturado.
Caco (Felipe Rocha) é namorado de Julia (Leandra Leal) que demorou a se decidir sobre o casamento. Quando decide é tarde demais. A moça já havia caído nos braços do Chef de cozinha Facundo (Adrián Navarro), um galã argentino apresentador de um programa televisivo de gastronomia. Encorajado pelo amigo Vadão (Daniel Furlan) os dois vão parar na Argentina para se vingar e pegar todas as “chicas’ que puderem. E com esse argumento, ideia de Jiddu Pinheiro, os roteiristas Pedro Aguilera de “3%” e Thiago Dottori de “Trago Comigo”, com a colaboração de Josefina Trotta e sob a batuta de Fernando Fraiha, montaram um mosaico das arestas culturais nas quais os costumes brasileiros e argentinos se esbarram. O coração mole, a conversa fiada, a esperteza e a otarisse, o amor que não conhece fronteiras e ela, a ‘catimba’, em forma de prosa. Em todos os ritmos possíveis, de milonga ao tango, a secação futebolística estende seus tentáculos para outros âmbitos da vida gerando gargalhadas torrenciais.
Fernando Fraiha dirigiu o documentário ” Em todo Canto” (2008) e está em seu primeiro longa de ficção com “La Vingança”. As atuações são muito boas, mas Daniel Furlan de “TOC: Transtornada Obssessiva e Compulsiva” (2016) rouba todas as cenas e alinhava todas as piadas com um ‘time’ sensacional. A fotografia de Gustavo Hadba de “Faroeste Caboclo” (2013) e Felipe Reinheimer de “É Fada” (2016) merece menção. Mas o que salta aos olhos é o roteiro muito bem costurado entre comédia e romance. Bem equilibrado, o longa faz rir, e também, pensar sobre as nossas relações e seus equívocos. E nos diz que ser feliz para sempre não existe, a vida é movimento.
Resumindo, “La Vingança” é uma comédia romântica que puxa a sardinha para o lado argentino. Até porque quem tem Pelé não precisa fazer questão de nada. O longa vale mais do pesa, e aí não tem jeito é dar o braço a torcer…funcionou e bem.
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