Livrai-nos do mal (Deliver us from evil). (Crime/Horror/Thriller); Elenco: Eric Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn; Diretor: Scott Derrickson; USA, 2014. 118 Min
Um filme de terror com argumentação estruturada no pentateuco e no manual de exorcismo da igreja católica. Seria uma história de terror como tantas outras se não fosse, dita, baseada em fatos reais. “Livrai-nos de Mal” de Scott Derrickson é baseado no livro “Beware the nights” de Ralph Sarchel, um ex-policial da cidade de Nova York. E o livro nasce de suas investigações sobre alguns crimes ocorridos na cidade.
A partir de assassinatos ligados entre si por um indivíduo sinistro e uma mulher com possessão absoluta, Jane (Olivia Horton), o padre Mendoza (Edgar Ramirez) entra no circuito de investigações com informações que conectam os casos a abertura de um portal descoberto no Iraque, e a trama se desenrola envolvendo a família de Sarchie (Eric Bana), o detetive de polícia designado para resolver o caso, e que é a personagem do autor do livro.
Scott Derrickson de “Entidade” e “O exorcismo de Emily Rose”, que também é baseado em fatos reais, está se especializando na questão. A pergunta que não quer calar é, O que é realidade? A partir de relatos que podem ter sido produzidos pela observação de uma representação de pessoas com problemas psíquicos sérios, a exponencialização, roteirização e conexão com fatos históricos/religiosos e um boa dose de ficção (que é isso que o cinema é) tem-se uma história interessante e um produto cobiçado no mercado cinematográfico. Stephen King que o diga.
O filme tira uma onda com “O exorcista” de William Friedkin (1973), que apesar de também ser baseado numa história real e ter ganhado dois Oscares na época, melhor roteiro adaptado e melhor som, já deu o que tinha que dar. Só não tira a sua sacralidade (e aqui não vai nenhum trocadilho). O tradicional, o que rompeu com tabus e conseguiu se estabelecer tem aura, tem uma importância de ruptura que o novo não tem. Mas a tecnologia de hoje, a possiblidade de efeitos especiais mais realistas e os takes de “Livrai-nos do mal” são dignos de aplausos. Por exemplo, o levantar da menina na cama numa simulação de levitação é um primor. O enredo e as costuras que o justificam são bem amarradas e servem como um entretenimento e tanto para quem curte o gênero.
Outros aspectos que merecem destaque são, a maquiagem gloriosa, as interpretações dos possessos (geniais) e a trilha sonora sob a batuta de Christopher Young de “O homem aranha 3” que traz desde Atrium Carceri com trechos de quatro músicas fantásticas a The doors com outras tantas, e dentre elas, People are stranges e are mesmo. (rsrsrsr)
Pra finalizar, tem boa cola em todo o conjunto da obra, e ainda, funciona como uma espécie de aviso de que existem muito mais coisas entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia. É uma boa pedida para diversão, porém, por precaução é melhor levar um crucifixo e uma água benta, porque seguro morreu de velho 🙂
Curiosidade: a referência ao berço do mal primário ser no Iraque, provavelmente, não tenha nada a ver com a questão política, mas com o Jardim do Éden, que segundo escritos religiosos ficava lá por aquelas bandas. Como podemos ver, possivelmente, deus também seja americano.(rsrsrsr)
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