Livre

Por | 2018-06-16T23:40:01-03:00 11 de janeiro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Livre (Wild). (Biografia/Drama); Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Gaby Hoffmann; Diretor: Jean-Marc Vallée; USA, 2014. 115 Min.

Baseado numa história real, “Livre” (Wild – no original) é o que poderíamos chamar de road movie de atleta.  É uma história de reflexão sobre a vida e sobre a  busca por si mesmo, e  acontece durante a Pacific Crest Trail (PCT) uma tradicional trilha – pedestre e equestre – do território norte-americano,  que vai da fronteira com o México,  até a fronteira com o  Canadá, paralelo ao Oceano Pacífico. Ou seja, atravessa o país inteiro, perfazendo um total de 4000Km. Não é para qualquer um! Cheryl Strayed, interpretada por Reese Witherspoon, fez o percurso do deserto do Mojave até a fronteira com o Canadá, num total de 1600Km. É chão pra ninguém botar defeito. Mas não foi o feito atlético o mote da história, mas a sua jornada interior. Sem pai, após perder a mãe, se separar do marido e ter passado outros eventos de dor e sofrimento e, se vendo perdida interiormente, Cheryl Strayed resolve fazer a PCT.

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O roteiro foi desenvolvido a quatro mãos. Por Nick Hornby, indicado ao Oscar 2010 por “Educação” e, a própria Cheryl, cuja história lhe rendeu um livro.  A saga é introspectiva, se pontua através de lembranças e reflexões ao longo da caminhada. A analogia dos aprendizados na trilha com os da vida, a administração da solidão e dos medos, a metáfora sobre a forma como se livrar dos pesos do cotidiano, o respeito pelo limite do outro, o registro de pensamentos e emoções ao longo da jornada. A abordagem da falta de preparo para a trilha e para a vida, os equívocos cometidos, o perdoar-se, a solução de problemas, a presença de espirito nos imprevistos e nos perigos, tudo muito competente e sutil. Sem ufanismos heroicos e superação de limites a troco de vitória, a meta era só chegar, como na vida. Uma imagetização, na medida, de uma mulher sozinha, eremita, na busca por si e por motivos para continuar vivendo.

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A direção de Jean-Marc Vallée de “Clube de Compras Dallas” foi sensível. E a interpretação de Reese Witherspoon, oscarizada por “Johnny & June” das emoções diferenciadas é fabulosa. Brilha, também na história, Laura Dern (Bobbi) no papel da mãe de Cheryl, conhecida pelos vários filmes de David Lynch. A trilha sonora conta com “El Condor Pasa” na interpretação de Simon & Garfunkel. A fotografia divina é de Yves Bélanger de “Clube de compras Dallas”. “Livre” lembra, em alguns aspectos, “127 Horas” de Danny Boyle, que também conta uma história real de um atleta solitário.

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O filme é uma ode à necessidade que todo o ser humano tem estar consigo mesmo e refletir sobre a sua existência e seus caminhos. E é uma metáfora belíssima da vida. Se dirige, basicamente,  a um público que tenha prazer em introspecções. Inspirador!

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Saiba mais sobre a história real (Aqui!)

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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