‘Lua Vermelha’ um passeio pelos mitos medievais

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‘Lua Vermelha’ um passeio pelos mitos medievais

Por | 2020-10-21T23:36:02-03:00 21 de outubro de 2020|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Lua Vermelha (Lúa Vermella/Red Moon Tide) (Drama); Elenco: Rubio de Camelle, Ana Marra, Carmen Martinez, Pilar Rodlos; Direção: Lois Patiño; Espanha, 2020. 84 Min. #MostraInternacionaldecinemadesãopaulo2020 @mostrasp #mostrasp #44mostra

O filme espanhol “Red Moon Tide” (no original) – “Maré Vermelha” em tradução livre – aborda uma história sobre a lua de sangue pelo viés das crenças medievais, em que mistura os contos de grandes navegadores sobre monstros marinhos com as crenças de outras culturas como a mesopotâmica – que entendia a lua de sangue como uma energia demoníaca – ou as crenças dos Incas que entendiam o evento como um jaguar que estava atacando a lua e a comendo. Ou ainda, alguns povos hindus que acreditavam que o evento trazia má sorte. Dentro desse contexto cada civilização tinha seu ritual para se proteger desse fenômeno natural. Lois Patiño, trabalha todas essas nuances de forma visual mais do que audiovisual.

Rubio (Rubio de Camelle) é um pescador que numa lua de sangue resolve matar o monstro marinho que atormenta as água do entorno da vila de pescadores em que mora. Desaparece. E todos os moradores são atingidos espiritualmente pelo seu desaparecimento. Sua mãe, uma bruxa, pede ajuda espiritual a três bruxas para resolver a questão. Os atores são moradores locais, não existem diálogos, apenas narrativas de pensamentos e relatos de subjetividades em of, os takes são panópticos e a fotografia muda de tonalidade à medida que o trabalho das bruxas se realiza numa pegada de poesia, de goticismo com espiritualidade ocultista que, dá ao longa uma outra vibração, o eleva a outro patamar em relação a uma obra cinematográfica, tem ares de instalação, de obra de arte viva.

Lois Patiño é dum diretor espanhol que tem no currículo o documentário “Costa da Morte” (2013) em que conta o cotidiano de uma vila de pescadores na Galícia. Dessa vez ele investe na ficção dentro do mesmo contexto. Em “Lua Vermelha” ele roteiriza, dirige, edita, e faz a cinematografia do longa. Ou seja, a obra é majoritariamente sua digital de alma, com seu olhar, sua arte e sua subjetividade . O longa foi premiado com o Violette D’or e melhor fotografia no Tolouse Cinespaña; foi indicado a melhor filme no Málaga Spanish Film Festival e seleção oficial no Festival de Berlim e IndieLisboa. Agora, compete na seção Novos Diretores da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

“Red Moon Tide” é uma obra de arte fotográfica que completa com sua vibração de cores o roteiro dano um poético. O filme prende a atenção dos espectadores pelo mistério dado pelos silêncios e pela viagem que a fotografia permite que seja feita. “Lua Vermelha” é um bela releitura das lendas medievais adaptadas para o nosso tempo. Vale o ingresso!

  • Assistido em cabine da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no dia 16/10/2020 @mostrasp #mostrasp #44mostra

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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