‘Mank’ e a gestação de ‘Cidadão Kane’

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‘Mank’ e a gestação de ‘Cidadão Kane’

Por | 2021-03-13T03:37:09-03:00 13 de março de 2021|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Mank (Biografia/Comédia/Drama); Elenco: Gary Oldman, Amanda Seyfried, Charles Dance, Arliss Howard; Tom Burke; Direção: David Fincher; USA, 2020. 131 Min.

Enfim, “Rosebud’ nos foi revelado….descoberto o grande segredo de “Cidadão Kane” de bastidores da escrita ao contexto do star system de Hollywood ao final da década de 30 do século XX, pelo menos pela pena de Jack Fincher (1930-2003), pai do diretor e roteirista de “Mank”. O longa é uma cinebiografia, um recorte na vida do roteirista, dramaturgo e crítico de teatro Herman Mankiewicz, conhecido por “O Mágico de Oz” e outros. O argumento do filme é a contratação de Herman Mankiewicz por Orson Welles para escrever o roteiro do aclamado “Cidadão Kane”.

O longa, além de ser uma cinebiografia, é também, uma viagem no tempo para a Hollywood do início do século XX. Dirigido por David Fincher de “A Rede Social” (2010) e estrelado pelo oscarizado Gary Oldman de “O Destino de Uma Nação” (2017), Mank tem uma fotografia e uma direção de arte de deixar o espectador mais atento, divido entre a contemplação e o roteiro. Assinada por Erick Messerschmidt de “Midhunter” (série de TV) a fotografia nos remete à “Roma” (2018) num Preto e Branco que dá corpo ao filme. O designer de produção de Donald Graham Burt de “O Curioso Caso de Benjamim Button” (2009) e a direção de arte de Dan Webster fecham redondinho levando o espectador sentir-se na década de 30. As atuações de Gary Oldman, Amanda Seyfried e Charles Dance estão soberbas. Mas, o roteiro merece um parágrafo à parte.

Abordar a gestação da escrita de um dos roteiros de maior sucesso do cinema, que marcou a História da sétima arte, que foi indicado a 9 Oscars e, cuja categoria, deu o prêmio a Herman Mankiewicz e Orson Welles é um ato de coragem e nos faz lembrar do recente “Trumbo” (2017) cuja abordagem também é o mundo dos roteiristas. O roteiro de “Mank” foi escrito por Jack Fincher (1930-2003) e foi realizado pelo diretor David Fincher, seu filho. O que aqui nos remete a uma homenagem saudosa. Para além de tudo isso, falar do contexto político e de disputas de poder dos produtores de Hollywood nos remete à “Cidade dos Sonhos ” (2001). Em suma, o longa é um mosaico de aspectos que passam pela arte, através da metalinguagem, pela política da época e pelos bastidores sórdidos da Hollywood da década de 30.

O resultado é uma obra-prima cinematográfica que versa sobre os bastidores de uma outra obra-prima e nos incita, de novo, a pensar no significado de “Rosebud”, sendo que, desta vez, o metafórico contextual e velado… um babado forte. Seja pela arte, pelo contexto sine qua non de Hollywood, ou ainda pelo aspecto comercial, vale a pena mexer nessas feridas. O longa abocanhou 40 prêmios mundo afora entre eles os premios de associações de críticos nas categorias: deseigner de produção, filme do ano e melhor atriz para Amanda Seyfried; alem de 220 indicações, 6 delas no Globo de Ouro. “Mank” está disponível para ser visto no conforto de casa, quantas vezes quisermos, na plataforma streaming Netflix. #FiqueEmCasa

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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