Ela

Por | 2014-02-13T18:28:55-03:00 13 de fevereiro de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Ela (Her). (Drama/romance/ficção científica). Elenco: Joaquim Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson. Diretor: Spike Jonze. USA, 2013. 126 Min.

O que têm em comum Alpha 60 (Alphaville, Jean Luc-Godard, 1965), Hall (2001, uma odisséia no espaço, Stanley Kubrick, 1968), David (AI -Artificial Inteligence, Steven Spielberg, 2001) e Samantha (ela, Spike Jonze, 2013) ? Todos são uma modalidade de inteligência articial criada pelo homem para ir além de suas potencialidades, além da sua capacidade, seja para o que for, o controle, a perfeição, a infalibidade e eternidade. Todos os sonhos possíveis e impossíveis da nossa modalidade de existência, estão presentes em nossas construções.

her-ela-filme-posterSpike Jonze, diretor e roteirista de ela também é conhecido por Quero ser John Malkovich (1999), Onde vivem os monstros (2009) e Jackass apresenta: vovô sem vergonha (2013), conseguiu encontrar um lugar muito específico, uma lacuna muito sutil para discutir os males do século, o individualismo, a solidão cavalar, os medos da perda de si, da perda da privacidade “real” porque a virtual já era, o medo do outro, o medo de crescer, de mudar, de buscar o desconhecido, de evoluir, de aprender. Ele foi feliz e brilhante na busca do tema e na abordagem.

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A película conta a história de Theodoro Towmbly (Joaquim Phoenix), um homem solitário e sensível,  que ganha a vida escrevendo cartas (e-mails manuscritos) para outras pessoas,  que está em processo de divórcio e que compra um sistema operacional (SO) cuja função é aprender e adaptar-se as necessidades de seu dono, sejam quais forem , rsrsrsrsr. O objetivo é conhecê-lo fazendo-o conhecer-se a si mesmo (bárbaro não?).

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Os caminhos, pelos quais passa a história, talvez, não pudesse ser mais brilhante, as sensações, a poesia, a música, a imaginação. Tudo o que o ser humano tem de intrínseco, exclusivo e que o define e identifica em relação aos demais…como tirar uma foto com um sistema operacional? Como fazer amor com um sistema operacional? Quais os indícios de crescimento pessoal e de evolução?  Para o que serve um corpo? O que se pode fazer sem ele? O que é amor? O que é espaçotempo ? O que conecta as pessoas?  Pasmen, Jonze passeia como criança cantarolando na floresta com esse roteiro. Para todas essas questões ele aventa possibilidades de respostas procedentes e chama um filósofo (SO) para a conversa. É simplesmente, estupendo.

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scarlett Johansson  (Samantha)  de Moça com brinco de pérola ( Peter Webber, 2003) com sua voz rouca e sensual dá um tom de curiosidade misturada com gentileza e eficiência, que é um show de interpretação sem precisar aparecer, literalmente. Já Joaquim Phoenix (Theodore) de O mestre ( Paul Thomas Anderson, 2012) em seu enésimo último filme, está perfeito nas cenas de solidão “consigo mesmo”, de uma naturalidade e perfeição de merecerem salvas de palmas.

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A fotografia é esplêndida, a noção de tecnologia num futuro bem próximo são realistas, a leitura semiótica de solidão também. A trilha sonora encanta, comove, transporta, os closes promove identificação entre o público e as personagens. É uma produção muito feliz do ponto de vista da transmissão na cinematografia da essência humana e da introspecção. Os instrumentos, mais óbvios que Jonze usou em Ela foram: sensibilidade, inteligência, perspicácia e precisão….na mosca.

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Não é atoa que o filme concorre ao Oscar 2014 em cinco categorias: melhor filme, melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor trilha sonora original e melhor canção com “The moon song”. Já ganhou o globo de ouro de melhor roteiro e o  AFI awards de melhor filme.

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A película é para quem quer se conhecer ou começar a tentar…….Santo Bauman! (Aqui!)

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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