Motorrad

Por | 2018-06-16T19:51:47-03:00 2 de março de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Motorrad (Motorrad) (Ação/Aventura/Thriller); Elenco: Guilherme Prattes, Carla Salle, Emílio Dantas, Juliana Lohmann,  Pablo Sanábio, Rodrigo Vidigal, Alex Nader, Jayme Del Cuerto; Direção: Vicente Amorim; Brasil, 2017. 92 Min.

Cada produto tem seu público específico, uns de forma mais aberta abrindo possibilidades de uma mistura de estilos de espectador devido a multiplicidade de camadas, outros de forma mais fechada sendo mais direto e enxuto. “Motorrad” se encaixa no último caso. Sendo um filme de aventura que envolve muita ação e crimes, no nicho de motoqueiros – o eterno símbolo de rebeldia – seleciona um público mais voltado para o motoclubismo e aficcionados do terror e do suspense. Seleção oficial nos Festivais de Toronto e do Rio, o longa não tem argumento, como nos roteiros tradicionais, mas é recheado de velocidade e tem uma fotografia primorosa.

O enredo conta a história de um grupo de motoqueiros que se aventura por uma trilha desconhecida e que, no meio do caminho se depara com um grupo de motoqueiros do mal: assassinos gratuitos que agem pelo prazer de matar. Com o tradicional embate do bem contra o mal na seara da sobrevivência, o roteirista L. G. Bayão de “Vendedor de Sonhos” (2016) e “Irmã Dulce” (2014) vai do céu ao inferno deixando nas mãos do espectador as elucubrações sobre a caçada sangrenta e insana, e ainda a origem da misteriosa Paula (Carla Salle). As personagens são criação do quadrinista Danilo Beyruth e os takes são bem típicos de histórias em quadrinhos. O estilo é uma mistura de “Mad Max” com “Sexta-feira 13” e tem uma pegada diferente do temos visto no cinema nacional ultimamente.

Com locações na serra da Canastra em Minas Gerais – uma paisagem estonteante – o filme é predominantemente visual. Tem poucos diálogos e a trilha sonora de Fabiano Krieger de “Romance Policial” (2012) e Lucas Marcier de “Divórcio” (2017) dão o tom da eletricidade da aventura e usam a música Last Ride da banda paulista Ego Kill Talent. A fotografia é assinada por Gustavo Hadba de “Faroeste Caboclo” (2013) e a edição, que é quase um personagem no longa, é de Lucas Gonzaga de “Mais Forte que o Mundo” (2016).

Em suma, o longa metragem tem um estilo diferente do que costumamos ter como produção em terras brasileñas e chama a atenção pela sua arte. Mas seleciona público. Dirigido por Vicente Amorim de ” Corações Sujos” (2011) e “Um Homem Bom” (2008) “Motorrad” é um filme hard made in Brasil com cara de HQ.

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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