Mulheres Divinas

Mulheres Divinas

Por | 2018-06-16T19:58:31-03:00 17 de dezembro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Mulheres Divinas (The Divine Order/ Die Göttliche Ordnung) (Comédia/Drama); Elenco: Marie Leuenberger, Maximilian Simonischek, Rachel Braunscheweig, Sibylle Brunner; Direção: Petra Biondina Volpe;Suíça, 2017. 96 min. #MostraSP

Representante da Suíça na corrida ao Oscar 2018, embora não tenha entrado na lista dos pre-finalistas, o filme escolhido para ser um dos painéis da mostra cultural da Suíça para o mundo aborda a liberação feminina a partir da luta pelo voto na década de 70, mas não só. O longa-metragem diverte com suas tiradas inteligentes ao mesmo tempo em que fala sério em relação à liberdade feminina no que concerne a relacionamentos, exercício de sexualidade, liberdade de pensamento e expressão e deixa um ponto de interrogação na testa de todos nós.  Como um país com os melhores IDHs do mundo e isso inclui qualidade na Educação, foi tão tardio em relação ao voto feminino e à liberação feminina em geral?

A história se passa na década de 70 e usa como mote a vida da dona de casa, Nora (Marie Leuenberger) que tem dois filhos, cuida da casa, do marido Hans (Maximilian Simonischek) e do sogro doente. Num ambiente, eminentemente machista, dentro de uma sociedade cujos referenciais morais funcionam da mesma forma a cineasta nos mostra em que nível de cerceamento de liberdade vivam as mulheres da época na Suíça. A partir do conhecimento de outros protestos na Europa, à época, e da insatisfação com seus cotidianos, as mulheres começaram a ser movimentar para se livrarem das engrenagens que as tolhiam.

O interessante, no roteiro, é que Petra Volpe não se contenta em mostrar os aspectos políticos e sociais dos cerceamentos de liberdade e parte para o exercício de sexualidade, num pacote que faz parte da vida como um todo conectado. Mas, que é ignorado em alguns filmes que abordam a questão da liberdade feminina na política, como por exemplo, “As Sufragistas” (2015) – versão inglesa da questão – e “Anjos Rebeldes” (2004) – versão americana da questão – possivelmente por conta da época em que estão inseridos – início do século XX – onde esses assuntos eram tabus.A vantagem desse movimento de tardio da Suíça é essa, a abordagem da sexualidade.

14 de Dezembro de 2017 – FILME – MULHERES DIVINAS, DE PETRA VOLPE. Trogen, Appenzell, Schweiz, 23. Maerz 2016 – Die goettliche Ordnung, Standbild Film Szene 73.
– CADERNO 3 – 15c30288 – DANIEL AMMANN

Com uma equipe eminentemente feminina “Mulheres Divinas” dá conta do recado e representa bem a Suíça para o mundo. Dirigido e roteirizado por Petra Volpe de “Traumland” (2013), com a trilha sonora assinada por Annette Focks de “Trem Noturno para Lisboa” (2013) que insere a música “respect” na voz de Aretha Franklin e,  tendo como cinegrafista Judith Kauffmann de “13 Minutos” (2015), o longa-metragem abocanhou prêmios em festivais no mundo inteiro, entre eles o prêmio do público de melhor filme no Tribeca Film Festival. com “Mulheres Divinas a Suíça passa a ter a sua versão das sufragistas, e muito mais arrojada, diga-se de passagem.

#41ªMostraInternacionalDeFilmesDeSaoPaulo
 

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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