Na Próxima, Acerto no Coração (La Prochaine fois je Viserai le Couer). (Thriller); Elenco: Guillaume Canet, Ana Girardot, Jean-Yves Berteloot;Direção: Cédric Anger; França, 2014. 111 Min.
Baseado em fatos reais e com roteiro adaptado a partir do livro de Yvan Stefanovitch intitulado Un Assassin Au-dessus de Tout Soupçon (no original), “Na Próxima, Acerto no coração” de Cédric Anger conta a história de um período da vida do psicopata Alain Lamare – o dos assassinatos – em Oise, na França, de maio de 1978 a Abril de 1979. A abordagem é psicológica, trazendo o espectador para a intimidade, o controle, o autoflagelo e as alucinações do assassino que, no longa se chama Franck Neuhart, muito bem interpretado por Guillaume Canet.
Na pacata cidade de Oise, um policial comete crimes contra mulheres jovens a sangue frio e sem tocá-las. Seu departamento passa a investigar os crimes, e ele é um dos encarregados. Neste contexto Cédric Anger faz desse pasto um celeiro abundante para traçar o perfil de Neuhart. Sentindo-se dono da situação o maníaco provoca a polícia, chega cada vez mais próximo do perigo, abusa da sorte e manipula seus colegas policiais. As cenas de autoflagelo, das alucinações, juntamente com as tentativas de socialização e exercício de afeto são primorosas e Guillaume Canet faz bonito, tanto que lhe valeu as indicações ao César e ao Lumière pela atuação – O ator já foi premiado com o César de melhor diretor por “Não conte a Ninguém” (2006). A história é contada com aspectos ficcionais, é obvio, mas apresenta o desfecho final real do serial killer francês.
Cédric Anger de “O Homem Que Elas Amavam Demais”(2014) que, além de dirigir também roteirizou o longa, foi indicado ao César de melhor roteiro adaptado pela obra. Outros dois destaques é Ana Girardot no papel de Sophie, possível namorada de Neuhart, que foi indicada ao Lumière, e Thomas Hardmeier, que assina a fotografia. Conhecido por “Uma Viagem Extraordinária” (2013), pelo qual ganhou o César, o Lumière e o Camerimage, Hardmeier pinta a tela com as cores da alma de Neuhart, o cinza, o fosco, os tons pasteis mortos, insere a secura dos galhos das arvores na paisagem e o enevoado, tudo isso atinge a percepção de tal forma que o frio é quase real, num belíssimo trabalho de metaforização.
“Na Próxima, Acerto no Coração” ao contrário do que o título possa evocar, não é um filme romântico, é uma obra de suspense muito bem construída, com um história muito bem contada e pontual, que prende a atenção do começo ao fim e é um jogo de olhares e respirações. O longa de Cédric Anger nos mostra que coração do outro é território que ninguém pisa. Potente!
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