Nerve: Um Jogo Sem Regras

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Nerve: Um Jogo Sem Regras

Por | 2018-06-17T00:30:53-03:00 27 de agosto de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Nerve: Um Jogo Sem Regras (Nerve) (Aventura/Crime/Mistério); Elenco: Emma Roberts, Dave Franco, Miles Heizer; Direção: Henry Joost e Ariel Schulman; USA, 2016. 96 Min.

Numa versão atualizada de “Maze Runner” o longa-metragem dirigido por Henry Joost  e Ariel Schulman é uma adaptação do livro homônimo de Jeanne Ryan que apresenta um jogo virtual divido entre  jogadores e observadores. Traz para a reflexão a quebra de fronteiras entre o virtual e o ‘real’ e do que somos capazes por fama, pelo vil metal e revestidos do anonimato. Tudo isso no contexto cotidiano da nova geração plugada. Sem intenção de criação de juizo de valor “Nerve: Um Jogo Sem Regras” nos leva para um passeio por três dimensões: a real, a virtual e o submundo da virtualidade, abordando a questão relativas a criação de identidade  e responsabilidade.

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Roteirizado por Jessica Sharzer de “O Silêncio de Melinda” (2004) o longa é um recorte de tempo na vida de Vee (Emma Roberts), uma menina comum, sem grandes atributos que a torne popular, e que a partir de uma decepção decide apimentar sua vida insossa e se cadastra num jogo virtual que cria ranking de popularidade de acordo com o cumprimento de tarefas bizarras. Numa dessas tarefas cruza seu caminho Ian (Dave Franco) e a dupla se torna os queridinhos dos observadores. O casal cria sensação elevando os acessos e alimenta invejas e armistícios, não pela felicidade, mas pela gama de seguidores que angariam e de valores monetários que acumulam.

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“Nerve: Um Jogo Sem Regras” divide o mundo em três dimensões: o ‘real’, o virtual e submundo do virtual que se misturam. Comandados por uma entidade algorítmica o jogo conecta jogadores em múltiplas possibilidades de interação traçando um emaranhado complexo de histórias que possuem interseções. E faz dos observadores verdadeiros Césares decidindo quem vive e quem morre no melhor estilo “Big Brother” em tempo real e deixa “Jogos Vorazes” e “Maze Runner” no chinelo em relação à tensão e ao suspense.

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O longa da dupla Joost e Schulman de “Atividade Paranormal” 3 e 4 é um passeio pela mentalidade dos novos tempos  e um mapa da nossa insanidade. O diagnóstico de que alguma coisa nos falta, ou de que transcendemos a parca vidinha real. O filme em sua proposta não produz juizo de valor, não emite lição de moral ou se proposita a ensinar qualquer coisa. Apenas disserta sobre o que já acontece no cotidiano de  adolescentes e jovens exponencializando questões e refletindo sobre o que e quem somos, a coragem que temos de cometer atrocidades por trás de um pseudônimo e faz uma ovação ao empoderamento do indivíduo sobre si mesmo  deixando RPG na pré-história. Com um viés bastante adolescente chama a galera para uma reflexão sobre ética sem dar lição de moral.

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Tecnicamente o filme chama a atenção para a fotografia e para trilha sonora. Michael Simmonds (LunchBox, 2013) trabalha com sobreposição dos dois suportes: o cinema e a tela do computador, e no olhar, com o do espectador e do Algorítimo Nerve que cria uma sensação de poder interessante. Na trilha sonora Rob Simonsen  de “Foxcatcher” (2014) embala o espectador num ritmo technos e se multifaceta indo de Roy Orbinson (You Got It) a The Skyliners (Since I dont Have You“), dando uma sensação gostosa de participação.

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“Nerve” (no original) é uma versão menos profunda e pé no chão de “Matrix” em que se busca o tempo todo o que está por trás de tudo e a resposta é sensacional. O filme é uma boa pedida para adolescentes (a partir dos 13), pais, pedagogos, psicólogos e afins. “Nerve”é uma belíssima sacada para fazer pensar sobre responsabilidade e identidade.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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