O Bom Dinossauro (The Good Dinossaur). (Animação/Aventura/Comédia); Elenco: Raymond Ochoa, Jack Bright; Direção: Peter Sohn; USA, 2015. 93 Min.
Depois de “Alvin e os Esquilos: Na Estrada” (2015) a bola da vez é “O Bom Dinossauro” de Peter Sohn. Uma produção da Pixar com um grande argumento e indicado ao Globo de Ouro de melhor animação. O longa, porém, não repete a dosagem de competência vista nas outras produções da casa. A animação deixa a desejar em alguns quesitos de suma importância quando se trata do público infanto-juvenil: na alternância de ritmos (sons), no descanso de atenção, na abordagem que é muito subjetiva e associa bondade a ingenuidade e no uso das cores.
O argumento da animação é simples: e se o meteoro que atingiu a terra extinguindo os dinossauros tivesse errado o alvo? Nesse contexto nos é apresentada a família de Arlo (Raymond Ochoa) – o dinossauro verde – composta de dois irmãos: Libby e Buck , seu pai e sua mãe. Uma família humanizada em seus costumes (aram a terra, têm outras criações de animais e possuem rituais humanos), inclusive ideológicos: deixar uma marca no mundo é objetivo de vida. A aventura começa quando depois de uma tragédia familiar Arlo vai atrás do humano Spot (Jack Bright) – um hominídeo selvagem que sequer fala, no melhor estilo “Os Croods” (2013) – para se vingar. A partir daí, enfrenta dificuldades, as administra, começa a se conhecer e descobre a amizade.
As questões dissonantes no longa são: Arlo é impulsionado pela raiva, seu contexto é o medo excessivo, a fragilidade e a fraqueza. A bondade é associada a ingenuidade e falta de senso, e os conceitos trabalhados são muito abstratos, por exemplo, ‘elevação’ como aprendizado e controle. Mesmo que tenha sido problema de tradução, já que a animação é dublada, ficou difícil e chato para os menorezinhos – já que a classificação indicativa é a partir de 3 anos – . Isso tudo misturado a um ritmo lento de sons que não se alteram e à uma associação de cores sombrias (muito marrom, cinza, preto e bege), com pouco sol e muita chuva. E a ação é feita através de tragédias, o que nos remete as animações do Pinochio na década de 80, na TV, com acontecimentos tristes um atrás do outro. Mas nem tudo está perdido, a textura do dinossauro inspira ternura e a animação tem poesia imagética – vide as cenas dos vagalumes, que são espetaculares – além de trabalhar a distinção entre o conceitos de amizade e família.
Também não é para menos. É o primeiro longa de animação de Peter Soh como diretor e roteirista. E dentre os roteirista – cinco no total – apenas dois são grandes nomes da Pixar, Bob Peterson, que concebeu e desenvolveu a ideia e tem no currículo duas indicações ao Oscar, Por: “Up: Altas Aventuras” (2009) e “Procurando Nemo” (2003); e Meg LeFauve – roteirista de “Divertida Mente” (2015). Os demais Erick Benson, Kelsey Mann e o próprio Peter Sohn fizeram laboratório. O que salva é a música de Jeff e Mychael Danna, mas é clássica e para gente grande.
Em suma, “O Bom Dinossauro” não parece animação da Pixar como “Toy Story”; “Monstros S.A” e “Os incríveis”, com cores alucinantes, ludismo e um trato pedagógico impecável. A impressão que dá é que a consultoria pedagógica falhou. A animação de Peter Sohn é uma versão tristonha do Dino dos Flintstones.
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