Feito gente grande

Feito gente grande

Por | 2014-01-07T23:48:14-03:00 7 de janeiro de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Feito gente grande (Du Vent Dans Mes Mollets). (Comédia/drama); Elenco: Agnès Jaoui, Denis Podalydès, Isabelle Carré, Julliette  Gombert,  Ana Lemarchand; Diretora: Carine Tardieu; França, 2012. 89 Min.

Onde nos perdemos? O que é preciso fazer para que sabedoria da infância não se restrinja a uma fotografia? Qual é a fórmula para não esquercer-mo-nos? Talvez, essas tenham sido questões que Carine Tardieu  tenha tentado responder ou encaminhar aos espectadores de Feito Gente Grande (2012).

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O filme relata a vida pelos olhos de Rachel (Julliette Gombert), sua relação com a amiga Valérie (Ana Lemarchand) e sua aventura de descoberta do mundo. É uma crítica sutil a morte da criança que vivia em nós e uma reflexão sobre como transformamos a vida num abismo horrendo quando esquecemos o que já sabíamos dela enquanto crianças.

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A história foi escrita por Olivier Beer de Ladrões do amanhecer (1984) que é uma daptação do romance Le Chants des enfants moits, que também foi consultor de cenário; Raphaelle Moussafir, Marinheira de primeira viagem e Carine Tardieu, também diretora do longa. A referência a esses  três é merecida, pois poetizam de uma maneira extraordinária o olhar da criança. Remonta aos tempos de infância e sem a menor vergonha tratam de situações marcantes na vida de qualquer um de nós….falar uma impropriedade sexual na escola, ser chamado à direção do colégio, fantasiar ingenuamente sobre sexualidade, flagrar, furtivamente, um adulto numa situação constrangedora. A abordagem é brilhante, a apresentação é engraçada, tem veracidade e nos dá saudades da infância, da ingenuidade e da forma não tão inocente de ver a vida; os subterfúgios da curiosidade e tantas outras façanha que pertencem a essa fase “perfeita” de nossas vidas.

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Carine Tardieu é escritora, roteirista e diretora. Conhecida por La Tetê de maman (2007); ganhadora de melhor curta metragem no Valladolid International Film festival (2003) com Le basiers des outres (2003) e indicada na mesma categoria com o mesmo curta para o European Film Festival (2004). As atuações de Agnès de Jaoui (Colette) de Odeio te amar (1996),O gosto dos outros (200) e Questão de imagem (2004) e de Denis Podalydès (Michael) de Caché (2005), Código Da Vinci (2006) e um dos sócios da Comedie Française, são naturais, integradas, engraçadas e ainda tem a presença marcante de Isabella rossellini como Madame Trebla a psicóloga de Rachel.

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É um filme para se assistir várias vezes. Indicadíssimo para educadores, no que diz respeito a reflexão sobre o que significa esse processo de “poda de vida” que chamamos educação. E para todos aqueles que mantém viva a sua criança interna. É muito divertido, vivo, real e se houvesse a possibilidade de definir numa palavra, essa seria: DIVINAL. Imperdível!

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” A infância é medida por sons, aromas e visões antes que o tempo obscuro da razão se expanda”

John Betjeman

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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