O Filho Eterno (Drama/Família); Elenco: Débora Falabella;Marcos Veras, Pedro Vinícius; Direção: Paulo Machline; Brasil, 2016. 82 Min.
O cinema sempre traz assuntos para as conversas, agora é vez da Síndrome de Down. O filme nacional dirigido por Paulo Machline fala sobre o processo de adaptação e aceitação de um filho com Síndrome de Down por parte de um pai de primeira viagem. Estrelado por Débora Falabella, Marcos Veras e o menino Pedro Vinícius, o longa-metragem tem a marcação de tempo feita pelos campeonatos mundiais de futebol e uma sinceridade punjante na abordagem e na narrativa da quebra das expectativas naturais de um pai e de uma mãe que têm que administrar um filho especial. ” O filho Eterno” versa sobre amor paterno.
Claudia (Débora Falabella) e Roberto (Marcos Veras) são um casal de Jornalista e escritor que no nascimento do primeiro filho recebem o diagnóstico de Síndrome de Down. O ano é 1986, e o conhecimento acerca do assunto ainda era incipiente. O casal procura tratamentos alternativos, programas de Educação Especial e entra em crise. A abordagem é realista. Sem panos quentes mostra um pai decepcionado, estressado, de fala contundente e desesperançado. Em contrapartida, apresenta uma mãe combativa e mais resiliente. Baseado no livro homônimo de Cristovão Tezza “O Filho Eterno” foi adaptado e roteirizado por Leonardo Levis da série de TV “O Hipnotizador” (2015) que primou pela abordagem paterna.
A direção de Paulo Machline de “Trinta” (2014) e ” Uma História de Futebol” (1998) – pelo qual foi indicado ao Oscar – foi cirúrgica ao dar preferência a uma atriz que é mãe e a um ator que não é pai proporcionando um realismo maior, uma naturalidade necessária às circunstâncias e a abordagem que se queria na história. A linha da narrativa não voltou-se para uma apologia a superação, mas para a exposição dos conflitos internos desse pai e o vaguear pela dor de alguém perdido em uma situação inimaginada. As circunstâncias cotidianas pinçadas são bastante específicas e felizes para mostrar as dificuldades do processo de aceitação e amadurecimento do amor desse pai – a sociabilidade, a escola, a rejeição e o preconceito – O cerne da questão é o amor e seu amadurecimento.
Tecnicamente comum, sem metáforas específicas e linear “O Filho Eterno” dá conta do recado para o que se propõe, que é abordar a paternidade, a complexidade da persona de/do pai e de ser um filme de reflexão sobre um tema tão delicado. O longa é uma boa pedida para profissionais de Educação Especial, para pais de portadores da Síndrome e todos os que se interessam pelo tema. Além da abordagem realista, é uma grata surpresa ver Marcos Veras, que naturalmente tem uma veia cômica, fazer um drama com essa carga de emoção e com esse nível de complexidade. A analogia entre o jogo de futebol e seus imprevistos com a vida também é uma boa sacada e faz uma competente costura com o tempo. ” O Filho Eterno” é um filme necessário.
Deixar Um Comentário