O Franco-atirador

O Franco-atirador

Por | 2018-06-16T23:48:11-03:00 8 de maio de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

O Franco-Atirador (The Gunman).  (Ação/Crime/Drama) Elenco: Sean Penn, Idris Elba, Jasmine Trinca, Javier Bardem; Direção: Pierre Morel; Espanha/Reino Unido/França. 2015. 115Min.

“O Franco-Atirador” é um filme de ação europeu, inspirado no livro “The Prone Gunman” de Jean Patrick Manchett (1942-1995), que tem como ator principal, um dos produtores e o mais experiente roteirista, o oscarizado Sean Penn por  “Sobre Meninos e Lobos” (2003) e “Milk: A Voz da Igualdade” (2008). E  é dirigido por Pierre Morel de “Busca Implacável”.

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O filme de Pierre Morel seria apenas mais um filme de ação se em seu contexto não abordasse temas como, a situação de êxodo dos povos africanos, as políticas de exploração de riquezas minerais do solo africano por empresas privadas europeias – principalmente os diamantes – as políticas humanitárias mantidas por organismos internacionais como a ONU e os Médicos sem Fronteiras etc… e a influência externa na política interna desses países. O Congo em “O Franco-Atirador” é a personificação da África subsaariana.

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A obra é roteirizada por Sean penn – que tem outras experiências bem sucedidas neste nicho, como “A Natureza Selvagem” (2007) (indicado a dois Oscares) e “Acerto Final” (1995)  (indicado a um Globo de Ouro)  –  e outros dois roteiristas: Don Macpherson e Pete Travis, estes não tão conhecidos. E nos traz uma colcha de retalhos políticos e econômicos que são o caldo da trama que se inicia com o assassinato do ministro das minas do Congo, por empregados de uma das empresas contratadas para dar suporte as Organizações Não-Governamentais (ONGs), em Kinshasa.  Oito anos depois, o atirador Terrier (Sean Penn) e os que participaram da operação Calvário, são caçados e mortos no melhor estilo queima de arquivo. Misturado a  tudo isso tem o romance com Annie (Jasmine Trinca) e uma rusga na amizade com Félix (Javier Bardem) – que está soberbo, para variar.

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A menina dos olhos de “O Franco-Atirador” é o roteiro cheio de detalhes que são importantes ao longo da história, numa montagem de quebra-cabeças espetacular e num jogo de xadrez digno de ser apreciado, além das metáforas dignas de ovações.  Os aspectos abarcados na história, dentro do contexto africano, nos remete a  “Diamantes de Sangue” (2006) de Edward Zwick. Das preciosidades, para além do roteiro, o destaque é para a trilha sonora de Marco Beltrami de “Guerra ao Terror” (2008) e “Indomáveis” (2007), que não só compôs a trilha original como a maioria das canções que são apresentadas na obra. Um Primor!

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“O Franco-Atirador” é um filme de ação com uma pegada francesa, espanhola  e inglesa, quase um mea culpa pelos mecanismos de opressão e exploração usados nas colonizações africanas. Mas, acima de tudo é um filme inteligente em que cada detalhe é importante. Cá pra nós, um filme de ação cujo o slogan é “Armado com a verdade” merece, pelo menos, ser conferido. Genial!

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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