O Segredo das Águas

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O Segredo das Águas

Por | 2018-06-16T23:39:30-03:00 14 de janeiro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

O Segredo das Águas (Still  the water/Futatsume no Mado). (Romance); Elenco: Nijirô Murakami, Jun Yoshinaga; Diretora: Naomi Kawase; Japão/Espanha/França, 2014. 121Min

O mais recente filme de  Naomi Kawase é uma co-produção entre Japão, França e Espanha. Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2014, “O segredos das Águas” é uma viagem pela cultura japonesa, no que diz respeito, às tradições em relação à natureza, espiritualidade, vida, morte, o amor e os seus rituais.

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Kioko (Jun Yoshinaga) é uma adolescente que está prestes a perder a mãe por conta de uma doença terminal. E a partir daí, ela tenta entender a questão, em meio às descobertas do amor. Tudo isso, bem à moda japonesa, em silêncio, através de olhares,  ao som de um piano de arrasar e viajando por paisagens paradisíacas. O filme ainda ressalta as relações entre as diferentes gerações . E a interpretação do papel de Kyoko já valeu a  Jun Yoshinaga o prêmio de melhor atriz no Sakhalin International Film Festival.

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Para assistir “O segredo das Águas” e deixa-lo fazer o efeito a que, possivelmente, se propôs, o de contagiar e devanear, é necessário despir-se da cultura da pressa, dos valores e costumes ocidentais relativos à morte, à integração homem/ natureza/espiritualidade e à maneira de ver os conceitos de vida e morte, e ainda,   tentar pertencer à história, como os personagens pertencem  à natureza que os rodeia.  Naomi é primorosa quando aborda os mistérios da vida, a partir dos sons do mar, do vento e dos grunhidos dos animais, tanto os dos irracionais quanto os dos racionais.

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“O segredo das Águas” é esteticamente impecável, tem uma trilha sonora que embala o espectador na história e fomenta a emoção à captação da mensagem subjetiva que aborda.  As locações também ajudaram, as paisagens espetaculares da ilhas Amami e Togoshima, e o contraste com Tóquio, fazem a integração brilhante entre natureza e a construção humana.

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O filme de Naomi Kawase é sensorial. É uma obra cinematográfica que fala da vida através do seu oposto: A morte. E é poesia pura.

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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