Passageiros (Passengers) (Aventura/Drama/Romance); Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen; Direção: Morten Tyldum; USA, 2016. 116 Min.
O norueguês Morten Tyldum de “O Jogo da Imitação” (2014) e “Headhunters” (2011) está de volta à telona dirigindo “Passageiros”, uma saga interestelar que tem como missão transportar cinco mil pessoas para habitar outro planeta que está há 120 anos da terra. Nada demais! Nada que o cinema já não tenha abordado, inclusive com competência técnica, como em “Interestelar” (2014). Porém, o roteirista Jon Spaihts de “Prometheus” (2012) e “Doutor Estranho” (2016) se empolgou além da conta. Foi muito bem enquanto abordava a versão interplanetária de Adão e Eva, depois se perdeu em meio a uma vastidão de Plot Twist e a necessidade de vender uma ficção científica com ação e aventura.
Numa espaçonave de última geração, a Avalon, comandada por uma versão amena de Hall 9000 (2001: Uma Odisseia no Espaço, 1968) que transporta cinco mil humanos adormecidos, cujas capsulas foram programadas para os despertar depois de 120 anos da partida, a capsula de Jim (Chris Pratt) dá pane o desperta 30 anos depois da decolagem. Como o Chuck Noland de “O Náufrago” (2000) ele tenta sobreviver sozinho. A questão é voltar a dormir, pois faltam 90 anos para o destino final. Faz um amigo no bar, o robô Arthur (Michael Sheen) – na verdade uma versão cibernética de Lloyd, o barman de “O Iluminado” (1980) – e após tentar hibernar sem conseguir, decide acordar mais alguém para lhe fazer companhia. A escolhida é Aurora (Jennifer Lawrence). As cenas e circunstâncias dessa primeira parte são primorosas, o amor como o fruto do que nós humanos temos de mais nobre e vital, as tiradas poéticas e procedentes, o encanto e o envolvimento. Uma versão espacial de Adão e Eva no paraíso, desembocando numa linha que nos remete à “Gravidade” (2013) com direito a excursão no espaço, com uma beleza e plasticidade admiráveis. Até desandar tudo entre o casal e nos controles da nave espacial impingindo uma vibe de ação, aventura e desventura para o casal que passa a lembrar Anaquin e Padmé na parte do romance em crise. (algumas tomadas até nos remete a segunda trilogia Star Wars). E somos tirados do jardim do Éden para o Hades sem dó nem piedade. Tudo sai de controle e os dois têm que se unir para salvar a missão de colonização.
O filme é uma costura de remetências a filmes conhecidos que faz uma cola emocional até bacana. Não fica feio, pois o filme tem sua própria pegada, a de romance. Porém, soa como falta de criatividade. O que salva é a plasticidade formidável e confortável aos olhos, “Passageiros” é bem embalado para presente com sua história e com as atuações de Chris Pratt de “Sete Homens e Um Destino” (2016) e Jennifer Lawrence, a eterna Katniss de “Jogos Vorazes”. A linha artística do filme deve-se ao trabalho do designer de produção Guy Hendrix Dyas de “Inception” (2010) de Christopher Nolan, pelo qual foi indicado ao Oscar; e a fotografia do mexicano Rodrigo Prieto de “O Lobo de Wall Street” (2013).
“Passageiros” é um filme clean com designer belíssimo. O longa-metragem demora para dizer a que veio e acaba se resumindo numa versão confusa e interplanetária do ditado que diz que “As coisas não teriam dado certo se as que deram errado assim não o fossem”. Enfim, o filme é mediano com uma plasticidade incrível e só.
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