Perdido em Marte (The Martian). (Aventura/Drama/Ficção Científica); Elenco: Matt Damon, Jessica Chastain, Kate Mara, Sean Bean, Jeff Daniels; Direção: Ridley Scott; USA, 2015. 144 Min
O que têm em comum “Interestelar” (2014); “Até o Fim” (2013);”Gravidade” (2013) e “O Náufrago” (2000)? O filme “Perdido em Marte” de Ridley Scott, em que aspectos pontuais dessas obras aparecem pinçados em camadas e recortes bem específicos. A cogitação da colonização interplanetária está em “Interestelar”; o objetivo de volta para casa a partir de uma viagem espacial está em “Gravidade”; a maestria de lidar com a solidão está em o “Náufrago” e a assertividade da busca por soluções para uma causa aparentemente perdida, com o uso de inteligência e auto-controle, esta em “Até o Fim”. O filme de Ridley Scott é uma ode à esperança e à solidariedade.
Baseado na obra homônima de Andy Weir, “perdido em Marte” é a história de Mark Watney (Matt Damon) que após ser atingido por uma antena numa tempestade em Marte, durante uma missão espacial, é dado como morto por sua equipe, que retorna à terra com a missão abortada.Tendo como unidade de medida de tempo sóis (plural de sol) Mark desperta, se cuida sozinho e começa a traçar uma logística de sobrevivência procedente e inteligente. Incluindo os sinais de movimentos para as fotos de satélites mudando objetos grandes (sob rodas) de lugar. A partir dessa estratagema descobre-se que ele está vivo e as etapas vão se sucedendo: comunicação, manutenção dos recursos, geração de outros recursos de sobrevivência e organização de uma rotina.O filme é primoroso quando aborda a nossa capacidade natural de sobrevivência e a outra, não tão natural, de adonamento de tudo o que encontramos pela frente, inclusive com argumentos que remontam as leis de propriedades de terra do Velho Oeste americano. E aí a metáfora da expansão territorial interplanetária cai como uma luva. Embora o símbolo da NASA apareça o tempo todo e a bandeira dos EUA nem tanto, mas está lá. A metáfora é a humanidade como conquistadora de outra dimensão territorial, sob a batuta do Tio Sam, é claro. O grande orquestrador da esperança e da solidariedade.
Com um orçamento estimado em 108 milhões de dólares, bem menos que “Interestelar” que custou 170 milhões, “Perdido em Marte” teve como locações: A jordânia, no Oriente médio, a Hungria e o Centro Espacial Johnson em Houston, Texas. As referência são muitas, dentre elas: “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979); “Apollo 13” (1995); e “Prometheus” (2012). A fotografia de Dariusz Wolski de “A travessia” (2015) que tem no currículo um Camerimage por contribuição da arte na fotografia, está um primor. Mas o que se destacou mesmo foi a trilha Sonora Sui Generis de Harry Gregson-Williams de “Crônicas de Nárnia” (2005) – pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro – com a inserção de músicas da década de 70 (Hot Stuff – Donna Summer; Don’t Leave This Way – Thelma Houston; Waterloo – ABBA; I Will Survive – Gloria Gaynor; Starman – David Bowie). Surreal!
Ridley Scott, o multifacetado cineasta de “Blade Runner” (1982); “Prometheus” (2012)”O Conselheiro do Crime” (2013) e “Êxodus: Deuses e Reis” (2014), dentre tantos outros, juntamente com o roteirista Drew Goddard de “Lost” (2004-2010) e “Demolidor” (2015) -séries de TV e Streaming – fizeram da obra de Andy Weir uma boa diversão, sem a quase -perfeição de “Interestelar”. Pois os conceitos da física e o bom senso em alguns momentos foram barbaramente aviltados – manutenção de pressurização com plástico e fita arranca-beiço, doeu (tudo bem, são da NASA, Ok!).
Bem, todo cineasta que se preze quer ter o seu “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Christopher Nolan já tem o dele (Interestelar), Afonso Cuáron , também (Gravidade) e Ridley já está na terceira investida espacial – se não me falha a memória – “Alien” “Prometheus” e “perdido em Marte”, mas não pára por aí não, em 2017 vai rolar Prometheus 2, que está em fase de pre-produção. Em suma, no caso de Ridley Scott dá até para tirar no palitinho. “Perdido em Marte” não é de seus melhores, mas é palatável.
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