Promessas de Guerra

Promessas de Guerra

Por | 2018-06-16T23:53:15-03:00 30 de maio de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Promessas de Guerra (The Water Diviner). (Drama/Guerra); Elenco: Russell Crowe, Olga Kurilenko, Jai Courtney, Yilmaz Erdogan, Cem Yilmaz; Direção: Russell Crowe; Austrália/USA/Turquia, 2014. 111 Min.

Ambientado na Primeira Guerra Mundial e em território turco, “Promessas de Guerra” é o primeiro longa-metragem de ficção dirigido por Russel Crowe. E na estreia, o ator e produtor, escolheu uma missão pesada: filme de época, evocando aspectos de sensitividade, abordagens culturais diferentes e misturando ação, drama e romance, e como se não bastasse, inspirado em fatos reais.

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“The Water Diviner” (no original) é história da busca de um pai pelos corpos de seus três filhos supostamente mortos na campanha de Galípoli, na Turquia em 1915, num mar de  mais de 120.000 mortos entre ingleses, franceses, australianos, neozelandeses  e turcos. Connor (Russel Crowe) após a morte da esposa Eliza (Jacqueline Mckenzie) sai da Austrália e vai para Turquia, empreender a sua saga – promessa feita à sua mulher. O filme conta a história dessa procura e de tudo o mais que vai acontecendo pelo caminho: novas amizades, descoberta de fatos novos e um novo amor. Tudo isso misturado a um caldo cultural de polifonias, as diferenças de costumes, valores e crenças; as danças turcas, a música, a comida,  os provérbios, a literatura e a possibilidade de intercâmbio, nas metáforas das histórias árabes contadas aos filhos e os arquétipos teatrais das obras de Shakespeare (Hamlet) nas escavações dos corpos.

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A forma de contar a história é primorosa, num ir e vir de lembranças. Numa remetência ao Anzac Day (feriado nacional) na Austrália e na Nova Zelândia ( terra natal de Crowe) em memória dos mortos na batalha de Galípoli e que recebe o nome de dia da lembrança. Os responsáveis pela costura foram Andrew Knight e Andrew Anastasios, ambos oriundos da TV. No quesito técnico o que salta aos olhos e aos ouvidos, são respectivamente: a fotografia, o figurino e a música.  A fotografia é esplendorosa, e é assinada por Andrew Lesnie, oscarizado por “O Senhor dos Anéis” (2001), o figurino, premiado no Australian Film Institute (2015) é de Tess Schofield e a trilha sonora é de David Herschfelder de “Elizabeth” (1998) e “Shine – Brilhante” (1996) pelos quais foi indicado ao Oscar. O Australian Film Institute premiou também Yilmaz Erdagon (Major Hasan) como melhor ator coadjuvante  e a película como melhor filme.

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“Promessas de Guerra” é um filme histórico, lento, desgastante emocional e cognitivamente, mas tem um brilho de esperança e uma reflexão sobre as atitudes de enganos a que o ser humano se apega para se proteger da ‘verdade’, que compensa as quase duas horas na sala escura. Reconstituindo a batalha de Galípoli e  superpotencializando  a dor da perda através da ênfase, Russell Crowe mostrou capacidade de juntar História, metafísica,  uma boa história de amor e atravessamentos culturais sem deixar a peteca cair. Ousado o moço. Surpreendente!

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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