O Lobo de wall street (The Wolf of wall street). (Bigrafia/comédia/crime). Elenco: Leonardo Di Caprio, Jonah Hill, Margot Robbil. Diretor: Martin Scorsese. USA, 2013. 180Min.
Talvez, nunca a leitura semiótica de um filme tenha sido tão escandalosa. Talvez, nunca alguém tenha ousado, num filme hollywoodiano, falar de sexo, drogas, dinheiro e persuasão com tamanha franqueza e com um bom humor contagiante. Assim é o filme O lobo de wall street, uma história baseada na biografia, em dois volumes, de Jordan Belfort, intituladas O lobo de wall street e A caçada ao lobo de wall street (ed. planeta do Brasil, 2013). O filme aborda toda a trajetória até a derrocada, com a caçada do FBI a um dos maiores investidor/especulador/fraudador do wall street, sua delação premiada, a traição do amigo e sua prisão. Tudo contado com uma sinceridade assustadora.
O enredo é a vida de Jordan Belfort (Leonardo Di Caprio) um jovem corretor de títulos mobiliários de New York e que abre um empresa de investimentos chamada “Stratton Oakmont”. Sua ostentação, extravagância, exercício de persuasão, de poder arbitrário e crimes financeiros. Nos remete ao O capital (Costa-Gravas, 2012) com requintes de intimidade. É uma saga de exponencialidade em tudo, no consumo de drogas, festas, prostituição, sexo, esbanjamento, deboche à pobreza e aos pouco ‘espertos’,com direito a melô do Tarzan e tudo o mais. É a história de um empreendedor nato e compulsivo, sua ascenção e queda.
O diretor Martin Scorsese ( Os bons companheiros, 1990) e (Os infiltrados, 2006), só para citar dois de seus notáveis filmes, apostou no sincericídio. E, juntamente com seu roteirista, Terence Winter (The Sopranos – TV Series), criaram uma obra digna de aplausos pela veracidade e coragem na abordagem. Já Leonardo Di Caprio, além de ator principal, foi também produtor, esteve impagável, num desempenho espetacular. O que foi aquela cena de briga matinal regada a copos com água? Foi de arrepiar tamanho realismo e desenvoltura.
Nas premiações, levou o globo de ouro 2014 e Broadcast Film Critics Association awards 2014 como melhor ator na categoria comédia; melhor filme pelo AFI awards 2014 e melhor roteiro adaptado pelo Central Ohio Film Critics Association 2014 e o National Board of Review 2013. Para o Oscar 2014 foi indicado em cinco categorias: melhor ator principal, melhor ator coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor diretor. Levou nada! Talvez Hollywood não tenha gostado do tema, da abordagem e da crueza que fizeram do filme uma obra-prima.
Os bastidores de wall street não renderam simpatias. A máquina de fazer dinheiro do capitalismo só é bem-vinda cumprindo a sua missão em silêncio, por trás das cortinas, na mais bela história de hipocrisia. Tirar os sete véus?! Nem pensar. O cinema ainda fomenta e premia ilusão. Como ia dizendo, apesar de um filme brilhante, com um argumento bárbaro, muito bem desenvolvido e interpretado…..foi um sincericídio.
Tem ‘verdades’ que são sabidas, mas não devem ser ditas, e muito menos, disseminadas para os pobres mortais.
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