‘Roda do Destino’ uma radiografia das relações humanas

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‘Roda do Destino’ uma radiografia das relações humanas

Por | 2022-01-06T22:00:27-03:00 6 de janeiro de 2022|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Roda do destino (Gûzen to Sôzô/ Wheel of fortune and Fantasy) (Drama/Romance); Elenco: Kotone Furukawa, Aymu Nakajima, Hyunri, Kiyohika Shibukawa, Katsuki Mori, Shouma Kai, Fusako Urabe, Aoba Kawai; Direção: Ryûsuke Hamaguchi; japão, 2021. 121 Min.

Vencedor do Urso de prata no Festival de Berlim 2021, “Roda do destino” do diretor Ryûsuke Hamaguchi é uma mosaico das relações humanas. O recorte são as relações amorosas com ênfase nas manipulações e perfídias temperadas pelo acaso. O contexto é uma sociedade formatadora de indivíduos num tempo de infelicidades e repressões silenciosas. É através dos diálogos que Hamaguchi traz esse argumento para a telona, coreografando-os com olhares e silêncios.

Três histórias que envolvem relações amorosas e aspectos de expressão sexual; três histórias que têm a manipulação como costura do enredo, uma mais óbvia as outras mais sutis; três histórias que envolvem personagens de gerações diferentes, marcando silenciosamente os níveis de repressão geracional; três histórias em que o espectador é convidado a fazer parte da narrativa como um ouvinte atento e também reprimido e legado ao silêncio, mas sem pestanejar. Em todas elas são deixados rastros do lugar da mulher naquela sociedade, do lugar da liberdade sexual, do lugar da homoafetividade e da necessidade de ar fresco, de respiro para ser feliz, de coragem para escolher outra história.

A narrativa truncada e labiríntica de Hamaguchi mostra onde está o forte do longa metragem. A fotografia pastel, fosca e nublada de Yukiko Lioka abençoa essa escolha metaforizando o gelo da vida dos personagens, as cores ocres, pastelizadas, mornas dão o movimento da respiração daquelas histórias, do sufocamento, e a música dá o tom de onde deve estar a emoção naquele contexto.

O longa japonês tanto pode ser degustado como artigo de cinefilía pela sua arte, como pode ser tido como um artefato cultural filosófico por suas questões existencialistas com requintes psicanalítico e sociológicos. Com o prêmio do júri do festival de Berlin na estante, um dos mais prestigiados do planeta, o Japão continua fazendo bonito na sétima arte.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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