Selma: Uma luta pela igualdade (Selma). (Biografia/Drama/História); Elenco: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Tim Roth; Diretora: Ava DuVernay; USA/UK, 2014. 128 Min
O ano passado o vencedor do Oscar de melhor filme foi “12 Anos de Escravidão” de Steve Mcqueen que conta a história de Solomon Northup, um negro livre, que levado do Norte dos EUA para o sul escravocrata do século XIX, perde doze anos de sua vida. Um relato particular. Outro registro cinematográfico que desenha a situação de desigualdade de direitos entre negros e brancos, é “Histórias Cruzadas” (2011) de Tate Taylor, que mostra o processo de luta pelos direitos civis de um grupo de empregadas domésticas de uma cidade pequena. Um relato de classe. Dessa vez, “Selma: Uma luta por igualdade”, relata a luta de uma coletividade pelo direito ao voto. Acontecida em 1965 sob a batuta do líder e reverendo Martin Luther King. A marcha da cidade de Selma para Montgomery, no Alabama, perfazendo mais de cem quilômetros, gritava para todos os estados da federação americana o direitos dos negros de elegerem seus representantes. Sim, é mais um filme baseado em fatos reais.
“Selma” (no original) é uma pérola, nos aspectos: históricos, na abordagem do roteiro, na direção de arte, na música composta para encarnar a luta da época e na atuação de David Oyelowo no papel de Martin Luther King. Sobre o aspecto histórico o filme reaviva na memória do mundo a atuação política pacifista de um dos principais líderes negros da história e ganhador do Nobel da Paz de 1964. Quanto a abordagem do roteiro o eixo condutor são trechos dos discursos de Martin Luther King durante todo o processo de luta pelo direito ao voto, desde a entrega do Nobel até Montgomery. Em relação à produção de arte, a reprodução das cenas, se comparadas às cenas reais, é espantosa, tamanha a fidelidade de detalhes. A diferença é percebida pela tecnologia usadas nas diferentes épocas de produção das imagens. A atuação de David Oyelowo é muito fiel e merecia a indicação ao oscar de melhor ator, que não veio. Mas, a música “Glory”, essa sim, ganhou o Globo de Ouro de melhor canção e concorre na mesma categoria ao Oscar, e é uma fusão de rap, soul e gospel, numa mistura de alma da música negra americana, mergulhada em política e louvações, na voz do rapper Commom, que também atua na obra cinematográfica.
“Selma: Uma Luta Pela Igualdade” é dirigido por Ava DuVernay, publicitária e cineasta, que já foi premiada em festivais por seus filmes, dentre eles Sundance 2012, e roteirizado por Paul Webb, marinheiro de primeira viagem. Dentre os que viabilizaram esse projeto estão Oprah Winfrey, a milionária apresentadora da televisão norte-americana e Brad Pitt, que também produziu “12 Anos de Escravidão”. A trilha sonora é um Pot-pourri de músicas marcantes que vão desde “Easy Street” na interpretação de Sarah Vaughan, passando por “Master of War” de Bob Dylan até “Yesterday was hard on all of us” de Fink. Um primor!
A produção cinematográfica de Ava DuVernay é um filme político, e de registro e manutenção de memória histórica. Cinquenta anos depois, com o direito ao voto garantido, ainda há muito o que conquistar. Então “Selma: Uma Luta Pela Igualdade” é um lampejo de esperança para outras batalhas, mantendo as chamas da politização e do engajamento político acesas.
Saiba mais:
Conheça a música que concorre ao Oscar 2015 de melhor canção
Veja as cenas reais da época: Marcha para Montgomery.
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