Selvagem (Drama): Elenco: Vilma Melo, Lucélia Santos, Dagoberto Feliz, Erica Ribeiro, Fran Santos, Kelson Succi; Direção: Diego da Costa; Brasil, 2021. 95 Min.
Passados seis anos do movimento de ocupação das escolas públicas pelos estudantes em protesto pela reforma do Ensino Médio, entra em cartaz o filmes “Selvagem” de Diego da Costa. Uma ficção roteirizada por Vinícius Cabral que traz para a telona um ‘desenquadramento’ do imaginário social do adolescente. O longa se sustenta através de diálogos sobre tudo o que concerne a vida dos adolescentes: seus sonhos, sua forma de ver o mundo e seus anseios, em meio a um contexto político conturbado.
Depois de “Atravessa a Vida” (2020) e “Últimas Conversas” (2015) – para falar das produções mais recentes – a escola pública tem sido um chão profícuo para produções cinematográficas. O longa, segundo o próprio diretor, foi recorte de um trabalho já existente, inspirado na vibe de Harmony Corine contextualizado nas ocupações das escolas públicas de São Paulo e que encontrou seu caminho. O elenco é composto de atores premiados, conhecidos e atores iniciantes que provam que comum bom argumento e com poucos recursos pode-se fazer um trabalho competente, política e artisticamente.
O filme tem uma trajetória respeitável. Premiado em 10 festivais, entre eles o Festival Latino-Americano de São Paulo, o longa acumula 32 prêmios sendo 8 de melhor filme. “Selvagem” faz remetência à força exponencial do juventude em tudo o que realiza, pensa e sente, e é para todos os públicos. Mas cai bem para jovens, adolescentes, educadores, famílias e todos os que gostam de gente e de seus caminhos de constituição como indivíduos. O longa é uma boa aula de perspectiva. Ver o mundo através do olhar e dos diálogos dos adolescentes foi o que Vinícius Cabral trouxe para o público desmistificando a imagem de vândalos deixada pela imprensa mainstream. “Selvagem” vale o quanto pesa.
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