Sete Homens e Um Destino

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Sete Homens e Um Destino

Por | 2018-06-17T00:34:53-03:00 1 de outubro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Sete Homens e Um Destino (Magnificent Seven) (Ação/Western); Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vincent D’onofrio, Lee Byun-hung, Manuel Garcia-Hulfo, Martin Seinsmeier, Haley Bennett; Direção: Antoine Fuqua; USA, 2016. 133 Min.

Releitura atualizada do clássico de Western de 1960 “Magnificent Seven” que, por sua vez, é baseado no filme “Os Sete Samurais ” de akira Kurosawa, “Sete Homens e Um Destino” faz um contextualização para  os novos tempos no que diz respeito  a diversidade étnica e orientação sexual. Além de ser uma homenagem a grandes cineastas do gênero como John Ford e Sergio Leone. O longa dirigido por  Antoine Fuqua é um western revisitado que ovaciona os clichês do gênero, muito bem elaborados – diga-se de passagem – e que conta uma história típica do velho oeste americano com pitadas de modernidade. Menos filosófico do que o original de John Sturges e mais comercial como manda os novos tempos o ‘remake’ não fez feio.

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Nessa contextualização a mulher, através da personagem da professora Emma (Haley Bennett) é uma peça ativa e catalisadora da ação que se vê no longa. O grupo contratado para deter o mineiro vilão, Bartolomew Borgue (Peter Sarsgaard) é composto de um negro caçador de recompensas, Chilson (Denzel Washington), um guerreiro, índio nativo do Alaska Red Havest (Martin Sensmeier), um fora da lei mexicano, Vasquez (Manuel Garci-Rulfo), um assassino asiático mestre em facas, Billy Rocks (Lee Byung-hun), um rastreador canadense, Jack Horn (Vincent D’onofrio), um apostador inveterado, Josh Faraday (Chris Pratt) e um pistoleiro com problemas psicológicos, Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke). Tudo isso numa história mais veloz, sem muitas pausas filosóficas, como se via na versão de Sturges e mais comercial, voltada para o cerne das histórias de Westerns, sem as nuances culturais japonesas, resquícios da adaptação de Kurosawa – como as festas no vilarejo os takes e os diálogos pausados que nos remetiam a inspiração original. A versão de Antoine Fuqua, além de mais americana traz remetências a grandes mestres do gênero, como o  Western Spaghetti de Sergio Leone, tanto nos takes em close quanto na indignidade da morte do herói como em “Era Uma Vez no Oeste” (1968). Nos takes panópticos nos lembra John Ford com o empoderamento das paisagens áridas do deserto. Além de compor personagens como Goodnight Robicheuax que  é um herói reticente e tem uma relação homoafetiva com Billy Rocks, numa referência contemporaneizada dos heróis dissonantes de Anthony Mann.

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A história consiste num pedido de ajuda de uma professora a um caçador de recompensas para acabar com o reinado de poder espúrio de Bartolomew Borgue na cidadezinha de Rose Creek, depois que seu marido fora assassinado a sangue-frio na porta da igreja num domingo pela manhã. O ano é 1879, a guerra civil já havia acontecido e muitos degredados tinham título militares ou de importância jurídica como era o caso de Chiston. Borgue era um mineiro que se apoderou de uma cidade por conta da corrida do ouro e tratava os moradores com violência. Todos, então, se unem e contratam sete homens para defendê-los. Entre a seleção desses homens e o confronto final, Antoine Fuqua de “O Protetor” (2014) faz uma ode aos clichês de westerns num espetáculo à parte, com cenas de montaria, de manuseios de armas, de tiques de cowboy, duelos e tantas outras enfatizadas na medida para dar o ar de volta ao genuíno western da década de 30.

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O roteiro escrito por Nic Pizzolatto de “True Detective” e Richard Wenk de “Assassino a Preço Fixo” (2011) traz para o filme a ação com uma tatibilidade pouco vista em westerns e que são o ingrediente da comercialidade. O que colabora com o clima é a trilha sonora de James Horner de “Titanic” (1997) e Simon Franglen de “Avatar” (2009), que também homenageiam a Elmer Bernstein com um trecho da trilha original do filme de 1960. A fotografia sensacional de Mauro Fiore de “Avatar” e a edição de John Refoua de “Nocaute” (2015) dão o tom final. E assim o filme fecha redondinho como bom produto comercial do gênero sem deixar a desejar a parte artística.

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A releitura contextualizada de “Magnificente Seven” (no original) é um trabalho meticuloso de recorte e colagem  competente com homenagens sutis. Denzel Washington em seu primeiro papel no gênero western não deixou a desejar comparado com Yul Bryner que fez o papel na versão original de Sturges (comparação injusta, mas automática). Seguindo a mesma linha não se pode dizer o mesmo de Peter Sarsgaard em relação a Eli Wallach, mesmo as pegadas dos filmes e suas épocas sendo diferentes, Eli Wallach dá um show como Calvera e é muito mais ativo do que a personagem de Borgue, que está mais para psicótico com seus silêncios, e por conseguinte,  mais de acordo com a nossa época do que para um bandido filósofo como Calvera. Em suma, dentre mortos e feridos salvaram-se todos, o western mais com jeito de ação do que de História, impõe a quebra de paradigmas em relação a diversidade de forma geral e inaugura uma  nova fronteira na derrubada de valores dentro do último território da macheza intocada – o faroeste. É a arte de ‘contadores de imagens’ dando um olé no tradicionalismo.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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