Silêncio no Estúdio

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Silêncio no Estúdio

Por | 2017-12-19T11:03:34-03:00 19 de dezembro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Silêncio no Estúdio (Documentário); Participações: Haroldo Costa, Luciana Savaget, Fernanda Montenegro, Ziraldo, Arthur Xexéo, Luis Carlos Miéle, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho; Direção: Emília Silveira; Brasil, 2016. 81 Min.

Mais que merecida a homenagem à jornalista, escritora e poeta Edna Savaget monta um mosaico da vida e da carreira da apresentadora a partir de depoimento de amigos, familiares e imagens de arquivo.  Precursora dos programas femininos na TV, Edna foi autora de embriões de programas como o TV Mulher e o Jornal Hoje. Dirigido por Emília Silveira e com ideia original de Luciana Savaget  (filha de Edna) “Silêncio no Estúdio” mata a saudade dos programas da década de 80 e da forma severa  com a qual a presentadora conduzia seus programas, ao mesmo tempo que nos apresenta uma Edna Savaget na intimidade.

Ancorado no livro de poesias de sua autoria, intitulado: Silêncio no Estúdio  – o árduo caminho que conduz à luz, câmera, ação! editorado pela Record, o documentário é uma versão de amigos e familiares sobre a vida da jornalista que atuou nos veículos de comunicação entre os anos 50 e 90, uma época em que a efervescência política no mundo e a liberação feminina estava em alta. “Silêncio no Estúdio” faz um apanhado, talvez sem querer,  sobre como havia qualidade nos programas de TV daquela época (30 atrás). E nos mostra a coragem, para não dizer audácia, da jornalista Edna Savaget em pensar fora da caixinha e mais que isso, incitar a que outros/outras o fizessem. Com recortes pessoais e profissionais, cuidado por Luciana Savaget sobre uma época em que não havia Web nem esse boom  de celebridades instantâneas,  Edna é retratada como uma mulher num mundo de homens, representando magnificamente as mulheres, com uma dignidade e inteligência invejáveis, sem discursos feministas de ocasião. Edna era conhecida nacionalmente pela intelectualidade brasileira e pelas donas-de-casa, que as colocava num espaço para além da cozinha, apresentado-lhes temas como: literatura, cinema, teatro, artes plásticas, ciências, psicologia, história, política e afins.

Dirigido por Emília Silveira de “Setenta” (2013) e “Galeria F” (2017) o documentário se destaca por sua edição primorosa que pinça magistralmente a carreira mesclada à vida pessoal e familiar da apresentadora, e a trilha sonora na qual constam músicas como “A Noite do Meu Bem” de Dolores Duran. Por conseguinte, ganhou o prêmio de melhor longa-metragem no Festival Internacional de Cinema de Arquivo e dois prêmios no 11º Festival de Aruanda, em João Pessoa: melhor edição para Vinícius Nascimento e melhor trilha sonora para Roger Henri. Com um viés bastante pessoal em tom de conversa a cineasta promove, nas entrelinhas, a própria fala de Edna na voz de Ângela Vieira citando trechos de seus poemas contante no livro silêncio no Estúdio  e termina com uma frase poderosa e fortíssima da apresentadora que é o metaforiza o cerne de sua personalidade. O longa tem uma excelente pegada.

 
 

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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