Sin City – A dama fatal

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Sin City – A dama fatal

Por | 2018-06-16T23:38:14-03:00 25 de setembro de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Sin City: A dama fatal (Sin City: A dame to kill for). (Crime/Thriller); Elenco: Mickey Rourke, Jessica Alba, Josh Brolin; Diretor: Frank Miller, Robert Rodriguez; USA/Cyprus, 2014. 102 Min.

Nancy Callaghan (Jessica Alba) está de volta. Dessa vez para realizar a sua vingança após ter sido raptada aos onze anos de idade, e juntamente com ela outras duas mulheres de peso, Gail (Rosario Dawson) e  Ava (Eva Green),  três mulheres  com realidades diferentes que decidem fazer justiça com as próprias mãos num mundo machista, território de foras da lei, de homens violentos, bêbados e mulheres malévolas, usurpadoras e exploradas. Um antro oficial do submundo e de tudo o que nele pode existir de deplorável. Seria trágico se não fossem histórias de HQs adaptadas para o cinema e que vem fazendo sucesso desde de sua primeira empreitada em 2005  intitulada “Sin city” e dando continuação a história  “Sin City2 – A dama fatal” é o celeiro de toda essa riqueza artística e  contexto.

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Baseados nos quadrinhos de Frank Miller o longa conta três histórias independentes. Uma delas “Just another saturday night” tirados da coleção de quadrinhos (Brooze, broads & bullets) e outras duas escritas especialmente para o filme por Frank (“The long bad night” e “Nancy last dance”) num estilo neo-noir  antológico de crime americano. O diferencial de “Sin City – a dame to kill for” (no original) é ser fiel a estrutura imagética do quadrinho. Desde o primeiro longa, a obra é totalmente digitalizada, filmada em cores e depois convertido para preto e branco deixando apenas alguns detalhes como cabelos, unhas, olhos, roupas e sangue em cores (um primor). Neste, a novidade é que além de tudo isso, está em exibição na modalidade 3D. Se no primeiro as tomadas de quadrinhos eram o grande diferencial, agora o espectador é inserido na história.

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 O filme é uma obra de arte. É a criação de um universo duro e cruel até onde a imaginação pode levar e cheio de humor negro. Não são somente histórias, é criação de uma mitologia particular com personagens que têm uma saga, uma cidade que tem  vida própria e contexto. Fala sobre misoginia, o poder das mulheres e a  sexualidade à toda prova. Filosofa de forma grotesca sobre o amor dos brutos, os momentos de sofrimento e ternura como se fossem um produto alheio a ser consumido e que os tais só recebem a rebarba, o que sobra é a solidão, que é a companheira da vingança. A narrativa é típica dos quadrinhos e  dá o tom de gibi, parecido com “cripta” da década de 70 em preto e branco, muito sangue, horror e sensualidade – excetuando os monstros – e “Dick Tracy. As personagens parecem paridas exclusivamente para a saga, principalmente Marv (Mickey Rourke) o matador. Ainda tem um desfile de nomes  do cinema como Ray Liotta (Joey), Bruce Willis (Hartigan) o tira honesto morto no primeira parte; Joseph Gordon- Levitt (Johnny); Josh Browlin (Dwight); Powers Booth (Senador Roark)  e a participação especial de Lady Gaga.

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Os Takes são espetaculares e tem angulações inusitadas. A fotografia é estupenda e faz o espectador sentir-se um leitor de um gibi em movimento, potencializando o quadrinho. A idéia de fazer os dois longas foi do diretor Roberto Rodriguez de “El Mariachi” (1992) que, fanático por quadrinhos, não deu sossego a Frank Miller até convencê-lo a fazer o “Sin City”, que foi ovacionado com cinco prêmios e mais de uma dezena de indicações. Para a versão 2 contou com a ajuda do às da maquiagem Greg Nicotero de “Walking Dead”, com alta tecnologia e, como se não bastasse, Roberto Rodriguez ainda assina a trilha sonora junto com Carl Thiel  que, para fechar teve a participação especial de Steven Tyler do Aerosmith. A trilha  se caracteriza por ser estriônica,  ritmada, compassada, uma mistura de jazz, blues e rock de deixar hipnotizado. E essa nova linguagem gráfica ainda serviu de inspiração para outras produções de filmes saídos de quadrinhos como “The Spirit” (2008) inspirado numa tira de jornal escrita por Will  Eisner.

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Para resumir, é uma obra que mistura duas linguagens e é uma verdadeira obra de arte  e, quiçá, de reflexão sobre o papel do submundo no cotidiano. Altamente sexualizado apresenta o armistício feminino, a patologia, a vingança, o prazer exponencial, o exercício de poder espúrio, o do dinheiro, o das armas e o da manipulação do outro, em forma de brincadeira e entretenimento. Genial!

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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