Spotlight: Segredos Revelados

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Spotlight: Segredos Revelados

Por | 2018-06-17T00:10:47-03:00 11 de janeiro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight). (Biografia/Drama/História); Elenco: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Brian d’Arcy James, Stanley Tucci; Direção: Tom McCarthy; USA, 2015. 128 Min.

O mais recente longa-metragem do diretor Tom McCarthy versa sobre o trabalho de um grupo de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe realizada em 2001 sobre denúncias de molestação de menores nas paróquias da cidade de Boston. A exemplo de “O Clube” de Pablo Larraín o roteiro se volta para investigação da veracidade das denúncias  e seu território é a forma de trabalho e o cuidado ético com o qual os jornalistas atuaram na abordagem das vítimas, investigação e divulgação das informações. Que na época, 2002, foi um escândalo sem precedentes, e que lhes valeu o prêmio Pulitzer de jornalismo.

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O roteiro, partindo de fatos reais, foi escrito a quatro mãos por Josh Singer de “O Quarto Poder” (2013) e Tom McCarthy de “Trocando os Pés” (2014). Martin Baron (Liev Schreiber), o mais novo editor chefe do Jornal The Boston Globe  solicita uma investigação ao grupo seleto de jornalistas da casa, chamado Spotlight, comandados por Walter Robinson (Michael Keaton), sobre molestação de menores nas paróquias católicas da cidade. A partir da procedência das informações recebem sinal verde para que a equipe continue seu trabalho. O grupo de repórteres composto por Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d’Arcy James) se divide para entrevistar vítimas, pesquisar processos jurídicos relativos a casos anteriores e buscar ajuda do advogado atuante nos casos Mitchell Garabedian (Stanley Tucci). O longa se desenvolve dando ênfase à ética nas investigações; à forma com a qual  as vítimas viam as circunstâncias quando dos acontecimentos e as sequelas que as acompanham; e a indústria de processos engavetados e acordos silenciosos. Tudo isso abordado de forma bastante competente, numa linha inteligente, sem vitimismos e bastante coerente politiciamente ( relativo ao contexto de poder da igreja e todos os seus tentáculos na política e nas relações sociais de uma cidade). “Spotlight” (no original) é uma versão de investigação externa de casos de molestação infantil em analogia com o “O Clube” de Pablo Larraín cujas investigações sobre os casos são internas (da própria Igreja)  a partir  de um lar de retiro dos padres acusados. E a personificação das vítimas se dá  num personagem com sequelas psicológicas graves.

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O forte de “Spotlight: Segredos Revelados” é seu roteiro muito bem construído com argumentações procedentes, intrincadas e que se encaixam. Por esse quesito ganhou prêmios das associações de críticos  de Boston, Dallas, Chicago, Detroit, dentre outras. Ganhou também o prêmio de roteiro do ano no Hollywood  Film Awards. Melhor filme no festival de Vancouver, 2 prêmios no festival de Veneza ( o Brian Awards e o Silver Mouse) e ficou em terceiro lugar na escolha do público no festival de Toronto. As atuações estão estupendas, com destaque para Michael Keaton de “Birdman” (2014). A trilha sonora  é de Howard Shore de “O Senhor dos Anéis” e a fotografia de Masanobu Takayanagi de “Aliança do Crime” (2015). Cinematograficamente é um produto, que visa sua venda como qualquer outro, e se põe no território da ficção ( como deve ser) em alguns aspectos, como o da indignação enfática dos repórteres, principalmente a personagem de Mark Ruffalo, mas tem o adendo de ser um excelente personagem conceitual para pensar a ética no jornalismo e enfatizar a sua importância para a sociedade e para a manutenção do estado de direitos.

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Com um tema bastante polêmico e delicado Tom McCarthy conseguiu um bom resultado pelo simples fato de contar bem uma história, numa condição em que soube se posicionar como registro cinematográfico e como fomentador de pensamento e discussão sobre abuso de poder e suas variantes. Vale o ingresso.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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