The Post: A Guerra Secreta

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The Post: A Guerra Secreta

Por | 2018-06-16T19:55:01-03:00 25 de janeiro de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

The Post: A Guerra Secreta (The Post) (Biografia/Drama/História); Elenco: Meryl Streep, Tom Hanks, Bob Odenkirk, Tracy Letts; Direção: Steven Spielberg; USA, 2017. 116 Min.

Tendo como argumento principal os bastidores da decisão quanto a publicação ou não da documentação secreta sobre a Guerra do Vietnã na era Nixon, Steven Spielber fez um trabalho meticuloso, voltado para inferências dialogais em “The Post – A Guerra Secreta”. A pegada do roteiro não é sobre a Guerra do Vietnã, nem sobre o movimento social contra a guerra, muito menos sobre o congresso americano, mas sobre a imprensa séria e sua importância na manutenção da democracia e suas responsabilidades políticas, civis e jurídicas. Na mesma linha de “Todos os Homens do Presidente” (1976) de Alan J. Pakula, o longa, ainda, se dá ao desfrute que ter uma outra história correndo paralela, a da sagacidade feminina, através da leitura semiótica e silêncios.

O ano é 1973, o contexto político: a Guerra do Vietnã. O editor-chefe do The Washington Post Ben Bradlee (Tom Hanks) e a dona do jornal, Kay Graham (Meryl Streep), após descobertos documentos secretos sobre a guerra vigente, têm que decidir sobre a publicação ou não do fato que afetaria as relações de poder do jornal, o congresso americano, a nação de forma geral e o papel da imprensa. O fato culminaria no escândalo Watergate que foi responsável pela renúncia do Presidente Richard Nixon em 1974. A questão é abordada no nicho da imprensa: a disputa pela documentação pelos principais jornais, as implicações da publicação e da não publicação. O filme nos lembra o recente “Spotlight: Segredos Revelados” no quesito ética no jornalismo. E as duas obras estão ligadas tanto no cinema quanto na vida. No cinema, o roteirista é o mesmo: Josh Singer. Na vida, Ben Bradlee do The Washington Post é pai de Ben Bradlee Jr, editor-chefe do Boston Globe, interpretado por John Slattery em “Spotlight”.

Quanto as tecnicalidades e a recente indicação pífia ao Oscar 2018 o painel que se monta é no mínimo interessante. O roteiro é de Josh Singer, um experiente roteirista sobre bastidores do poder e muito competente com criações de diálogos e inferências nessa área. É dele os roteiros de “O Quinto poder” (2013) e “The West Wing: Nos Bastidores do Poder” (Série de TV). A Fotografia é de Janusz Kaminski, figurinha carimbada nos filmes de Spielberg, premiado com o Oscar da fotografia – o Camerimage – por “O Escafandro e Borboleta” (2007); além de vencedor de dois Oscars por: “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) e “A Lista de Schindler” (1994). Em “The Post : A Guerra Secreta” Kaminski conta, através dos enquadramentos e da leitura semiótica uma história paralela e silenciosa sobre a opressão masculina e as linhas de fuga feminina para a resolução das questões postas. Içando a sagacidade feminina a enésima potencia, num enredo paralelo em off Magistral. Aqui, a fotografia é mais que simples arte imagética, ela traz um enredo imagético. Quanto a Steven Spielberg, uma das pessoas mais influentes em Hollywood, um diretor primoroso e de grandes produções cinematográficas, com 56 créditos como diretor e outros tantos trabalhos, foi esquecido nas indicações ao prêmio máximo da indústria cinematográfica em 2018. Em relação ao Oscar “The Post” (no original) com toda essa vibe só teve duas indicações, das quais que não deve levar o prêmio. A de Melhor filme  e a de melhor atriz para Meryl Streep. Além de Josh Singer e Janusz Kaminski, Tom Hanks também foi esnobado na festa do careca dourado.

Em suma, resumindo “The Post: A Guerra Secreta”, para além de ser uma produção que tem a recordista de indicações ao Oscar no elenco e o consagrado Tom Hanks, o longa versa sobre a liberdade de expressão, o papel da imprensa séria na constituição e manutenção da democracia e aborda bem esse peso e responsabilidade, aproveitando um episódio da História americana. Passeia, brilhantemente, pelas conflagrações e hipóteses do jogo de poder numa sagaz partida de xadrez dialogal. E aqui, Spielberg, também, cumpre seu papel de pessoa influente em Hollywood ao trazer à tona a era Nixon em plena era Donald Trump. Sagaz, o moço!


 
 

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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