The Square – A Arte da Discórdia

>>The Square – A Arte da Discórdia

The Square – A Arte da Discórdia

Por | 2018-06-17T01:12:03-03:00 6 de janeiro de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

The Square – A Arte da Discórdia (The Square) (Comédia/Drama); Elenco: Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West, Terry Notary, Christopher Laesso; Direção: Ruben Östlund; Suécia/Alemanha/França/Dinamarca, 2017. 142 Min. #MostraSP

Ganhador da Palma de Ouro 2017 e forte concorrente ao Oscar 2018 de melhor filme estrangeiro “The Square” versa sobre limites, limitações, polaridades, paradoxos, exercício de solidariedade e utopias. Dirigido e roteirizado por Ruben Östlund, o filme confronta zonas de conforto em relação a valores comportamentais explorando os temas atravessados pelo mundo da arte.

Christian (Claes Bang) é um curador de um museu famoso que está recebendo uma exposição intitulada “The Square”, que enquadra metaforicamente o  desenquadramento comportamental fossilizado e egoísta, transformando-o, não só numa atitude nobre mas numa obrigação, e trabalha a confiança.  Através de situações do cotidiano, Östlund viaja pela jornada do paradoxo humano, no espaço entre o que se fala e o que se faz, força a saída da zona de conforto de nossas crenças comportamentais, nos âmbitos: profissional, familiar, social e emocional. Östlund faz isso muito bem em “Play” (2011) , onde versa sobre bullying, em “Força Maior”(2014) quando versa sobre a construção da nossa imagem no imaginário do outro através da história de um pai covarde. Östlund tem o costume de tocar em assuntos limites e esgarça-los até os seus limites. E muito debochadamente, usar o termo limite para trabalhar os nossos limites e coloca-los entre limites – um quadrado – é uma metalinguagem metafórica sensacional e difícil de entender logo de cara. Mesmo trabalhando com uma história linear, o cineasta faz um vai e vem no exercício de valores de cada um na sua vida cotidiana através do comportamento extrapolando os limites dessas situações.

Além desse roteiro subjetivo e muito bem costurado “The Square: A Arte da Discórdia” (título versão brasileira, nada a ver) conta com atuações primorosas, como a do dinamarquês Claes Bang, a dos americanos, Elisabeth Moss de “The Handmand’s Tale” (série de TV): Dominic West de “O Mestre dos Gênios”(2016) e a do impagável Terry Notary (Oleg) o Rocket de “Planeta dos Macacos:A Guerra” . Tem  até a participação especial de Warren Buffet e sua esposa. Pelo conjunto da obra (atuações, designer de produção, roteiro, fotografia, etc.) o filme foi premiadíssimo no mundo inteiro, incluindo a crítica internacional através de suas associações como a de Toronto, Oklahoma, Chicago e Boston, na categoria de melhor filme estrangeiro.

Agraciado com a Palma de Ouro, o filme cumpre seu papel de ser um outdoor do momento em que vive o mundo, dentro do assunto em que escolheu versar: a ausência de empatia. O que, aliás, tem sido o mote do Festival de Cannes nas últimas três edições, o  da denúncia de questões sociais prementes. Em 2015, o vencedor foi “Dheepan” que versa sobre refugiados e questões de identidade cultural; em 2016 foi “I, Daniel Blake” que fala sobre o processo de retirada dos direitos trabalhistas e a diminuição do estado de bem-estar social, e agora, o prêmio foi para o tema que está em voga no mundo, a total ausência de solidariedade e o limite de nossos egoísmos.

Com toda essa potência “The Square”, possivelmente, estará indicado ao Oscar (indicações finais saem dia 23/01) e será um forte candidato ao prêmio de melhor filme estrangeiro. O filme de Ruben Östlund não é fácil de entender, mas o quebra-cabeças vai se encaixando ao longo da exibição. Um primor!

  • Mostra Internacional Cinema de São Paulo 2017

 
 
 

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

Deixar Um Comentário