Três Anúncios Para Um Crime

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Três Anúncios Para Um Crime

Por | 2018-06-16T19:52:53-03:00 16 de fevereiro de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Três Anúncios Para Um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri) (Crime/Drama); Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Caleb Landry Jones, Peter Dinklage, Abbie Cornish; Direção: Martin McDonagh; Reino Unido/USA, 2017. 115 Min.

Indicado ao Oscar 2018 em sete categorias (filme, trilha sonora, roteiro original, edição, atriz principal para Frances McDorman e ator coadjuvante para Sam Rockwell e Woody Harrelson) “Três Anúncios Para Um Crime” é o quarto filme dirigido por Martin McDonagh, com destaque para “Sete Psicopatas e Shih Tzu” (2012) e o curta “O Revólver de Seis Tiros” (2004) pelo qual ganhou o Oscar da categoria. Aqui, Martin McDonagh, além  de dirigir também roteiriza e nos traz um panorama da sociedade americana interiorana, como fez, muito bem, Keneth Lonergan em “Manchester à Beira-mar” (2016).

A história consiste no inconformismo de uma mãe, Mildred Hayes (Frances McDorman) diante da impunidade do assassinato de sua filha Anne (Abbie Cornish). Por conta disso, resolveu tomar providências para forçar a barra nas investigações, e alugou por um ano três outdoors numa estrada que dá acesso à cidade fazendo três perguntas incômodas, que põem em xeque as competências do chefe de polícia Willoughby (Woody Harrelson) e do policia Dixon (Sam Rockwell). Esse, na verdade, é álibe encontrado por  esse inglês de Londres para questionar os valores norte-americanos de justiça e de terra da liberdade e, ainda, traçar um perfil da sociedade interiorana do Missouri. Com questionamentos viscerais recheados de humor negro, Martin McDonagh transforma uma história cotidiana num caldo nutritivo para falar de hipocrisia, da impotência humana diante dos movimentos da vida, das potencialidades desperdiçadas e da ironia da vida num longa-metragem inteligente, e que, apesar do tema pesado, é gostoso de assistir. “Três Anúncios Para Um Crime” é um dramalhão cômico com um viés filosófico-existencialista que tira boas gargalhadas com sua ironia fina e faz pensar na impotência humana para controlar os acontecimento da dia-adia, ou mesmo, fazer justiça.

O roteiro é sensacional e as atuações estupendas de Frances McDorman, Woody Harrelson e Sam Rockwell, valem o ingresso. Mas, tem mais: uma trilha sonora muito bem pensada, debochada, dissonante e ao mesmo tempo sensata dentro da abordagem escolhida, assinada por Carter Burwell de “Ave, César!” (2016), “Carol” (2015) e “Anomalisa” (2015); além da fotografia de Ben Davis de “O Mestre dos Gênios” (2016) e “Doutor Estranho” (2016) que mistura bucolismo e arte dantesca numa miscelânea que é a cara do roteiro, fechando a tampa no quesito arte no longa-metragem

O que dizer de “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri” (no original)? Que tem um roteiro com camadas sutis que enfatiza a força de uma mulher; que é uma ferramenta competente de questionamento do Status Quo; Que faz um passeio pela impotência dos poderosos; que expõe a incompetências dos indivíduos como engrenagem de um sistema e que faz uma ode  ao inesperado e à continuação da saga insana que é existir. Um candidato que está no lugar certo e que tem bons agouros para o Oscar. Imperdível!


 

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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