‘Tudo que Quero’ uma metáfora da vida

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‘Tudo que Quero’ uma metáfora da vida

Por | 2018-06-24T10:39:44-03:00 2 de maio de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Tudo que Quero (Please Stand By) (Comédia/Drama) Elenco: Dakota Fanning, Toni Collette, Alice Eve; Direção: Ben Lewin; USA, 2017. 93 Min.

O cinema sempre abordou temas relativos a transtornos mentais, distúrbios emocionais e deficiências sob a égide do olhar de seus roteiristas e diretores. Alguns baseados em fatos reais, outros compilações de casos em forma de ficção, como a exemplo de “Sibyl” (2007), sobre transtorno de personalidade; “Rain Main” (1988) sobre autismo estrelado por Dustin Hoffman, ou ainda “Meu Nome Não é Radio” (2003) com Cuba Gooding Jr. Todos traziam casos com suas características, em específico, e suas dificuldades de interação social. “Tudo que Quero” também conta a história de uma autista, com o diferencial de que o viés é um objetivo pessoal e as demais características: limitação na leitura de mundo e  interação com as pessoas vêm na periferia da história. Tendo como foco o objetivo de Wendy (Dakota Fanning), o filme se transforma numa saga que metaforiza a própria vida e a vitória sobre as limitações.

Wendy é uma autista que vive numa clínica psicológica e é acompanhada por Scottie (Toni Collette), uma profissional da área dedicada e atenta. Como escreve roteiros de “Star Trek” se empolga quando fica sabendo que há um concurso para roteirista da série na produtora em Los Angeles. Pede ajuda para Scottie e para sua irmã, Audrey (Alice Eve) que ignoram solenemente. Decidida, sai de São Francisco com seu cãozinho em direção a Los Angeles enfrentando toda a sorte de imprevistos. Esse é o start para o roteirista Michael Golamco, que também é autor da peça teatral que deu origem ao filme, abordar a jornada da vida num road movie pra lá de emocionante. Em que a personagem segue com seus objetivos aprendendo, atravessando momentos difíceis e amadurecendo, principalmente em relação às suas limitações.

O diretor Ben Lewin é um às na abordagem de histórias que tenham como personagens centrais indivíduos com deficiência. Ele mesmo vítima de Pólio na infância, tem em suas obras um olhar forte e vencedor de limitações à qualquer preço. Foi assim em “As Sessões” (2010) em que um tetraplégico que vive em um pulmão artificial decide descobrir sua sexualidade com sessões de terapia. Uma obra sensacional! Laureado com prêmios mundo afora, como os do: Australian Film Institute, Australian Writer’s Guild, Philadelphia Film Festival,  San Sebástian e Sundance, o polonês Ben Lewin tem em “Tudo que Quero” uma lição de vida para quem tem dificuldades e uma tapa com luva de pelica para quem tem tudo a favor. Em parceira com Michael Golamco de “Grimm: Contos de Terror” – série de TV – o longa dá um show de amor à vida e de vitória sobre as dificuldades.

Com cara de filme de sessão da tarde, pela sua linearidade, simplicidade e ingenuidade “Tudo que Quero” tem na trilha sonora o brasileiro Heitor Pereira que trabalhou com nomes como Ivan Lins e Simply Red e que é conhecido no meio pelas trilhas de “Meu Malvado Favorito” e Minions”. Na fotografia a assinatura é de Geffrey Simpson de “Sob o Sol da Toscana” (2003). Mas o forte são as atuações de Dakota Fanning de “Taken” (2002) e “Guerra dos Mundos” (2005) e Toni Collette de “Já Estou com Saudades” (2015) que dão um show em frente as câmeras.

Para fechar “Tudo que Quero” é filme linear, com argumentos simples, que metaforiza a saga da própria vida em movimento e traz lições quanto a assertividade. Sem maiores reflexões existencialistas ou argumentos profundos, é para todos os públicos, mas seapropria aos profissionais de psicologia e de educação. O filme de Ben Lewin é uma boa pedida para um final de semana em que se queira divertir e ter assunto à mesa após a sessão.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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