Um Reencontro (Une Rencontre/Quantum Love). (Drama/Romance); Elenco: Sophie Marceau, François Cluzet, Lisa Azuelos; Direção: Lisa Azuelos; França, 2014. 81 Min.
A abordagem relacionada a realidade quântica está invadindo o cinema. Já passou pela ficção científica com “Interestelar”, fez uma divagação ‘viajandona’ no gênero ação com o “exterminador do Futuro: Gênesis” e agora aterrissa no romance, no melhor estilo “quem somos nós” (2004). O viés é costurado partir do romance fictício que Elsa Santorini interpretada por Sophie Marceau que se intitula “Quantum Love”, não por acaso o título do filme na versão inglesa. E nessa brincadeira de escolhas de realidades Lisa Azuelos desmistifica a platonia e ascende o pecado a outra dimensão.
A história é um momento na vida de Pierre (François Cluzet), advogado, casado, pai de um filhos e feliz; e Elsa (Sophie Marceau) escritora, divorciada, mãe de dois filhos e namorada esporádica de homens mais jovens. Ambos de meia idade, são apresentados um ao outro numa festa e o que os liga é a energia, muito bem imagetizada pelo ritmo, velocidade, brilho, interesses, diálogos e reciprocidades. Nada mais natural que se encantem um pelo outro, e é o que acontece. Enquanto isso nós (espectadores) somos apresentados ao estado de bobeira e êxtase que a paixão proporciona aos personagens, numa atuação belíssima e com uma química inebriante entre os François e Sophie. E, talvez, o mote do filme esteja aí. Não há propósito em contar história alguma, mas versar sobre os desejos, as fantasias, as carências, as energias que combinam, a ansiedade, os conflitos, a luta entre a razão e os hormônios, os medos etc… e todo esse pacote nos remete a “Homens, Mulheres e Filhos” (2014) de Jason Reitman.
“Une Recontre” (no Original) foi dirigido e roteirizado por Lisa Azuelos de “Lola” (LOL – Laughing Out Loud) (2008) pelo qual ganhou o premio do Juri do festival de filmes de comedia de Monte Carlo por direção e roteiro. As atuações de François Cluzet de “Intocáveis” (2011) e Sophie Marceau ganhadora do César de 1983 por “La Boum 2” estão divinas. O restante, a trilha sonora supervisionada por Nicolas Bounet e a fotografia de Alain Duplantier dão conta. Com 14 músicas que vão dos estilos românticos a remix, passando por Stevie Wonder – For Once in my Life – até Robbie Williams – Feel; e a fotografia espetacular que potencializa a aura do sonho, da fantasia e do desejo “Quantum Love” traduz vida e se encaixa bem na linha a que se propositou.
Não é um filme memorável, mas é gostoso de assistir para quem curte romance e os efeitos químicos do amor. E ainda, aproveita o gancho das diferentes possibilidades para ovacionar o lado mais sadio do amor platônico, sem frustrações e sem dores. Além de oportunizar a reflexão sobre a normalidade do encantamento e sua função salutar – a de nos sentirmos vivos. Um primor!
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